quinta-feira, dezembro 16, 2010

O fim. Um novo começo.

Meu blog, meu diário, minhas alegrias, minhas lamentações, minhas dúvidas, minhas certezas, minhas descobertas, minhas contribuições, meus equívocos. Tudo chegou ao fim. O fim de uma etapa. Aqui ficaram registrados meus passos pelo PEAD. Aqui ficaram minhas construções e minha avaliação desde longo caminho percorrido. Relendo meu blog até aqui consigo identificar as diferentes interdisciplinas que fizeram parte de meu histórico. Percebo os momentos em que fui bem ou mau. Em que dei tudo de mim, ou nem tanto. Os momentos em que me senti realizada ou frustrada. O aprendizado não termina no final da faculdade, assim como o blog não deveria terminar. A vida é um eterno aprender. Agora chegou a hora de receber os louros da vitória (assim espero) e descansar. Mesmo que eu nunca mais venha a escrever no meu blog ou no meu portfólio, estes permaneceram. Estarão acessíveis àqueles que tiverem interesse em conhecer um pouco de minhas experiências e meus relatos. E assim como o meu, os de minhas colegas. Não são trabalhos que ficaram guardados dentro de um caderno velho e esquecido. São experiências que poderão ser compartilhadas e multiplicadas. Não ficaram restritas a um lugar ou há um tempo. Não sei quanto tempo estarão disponíveis on-line, nem se alguém um dia as virá a ler novamente, mas fico feliz em saber que talvez um dia em algum lugar alguém os leia e deixe um comentário para registrar a sua passagem. Lembro de alguns livros que pegava numa biblioteca, onde o registro da última leitura ficava registrado em uma ficha anexada ao livro. Umas poucas leituras com intervalo de anos entre elas. Um livro esquecido por anos, mas que foi útil ou agradável a um leitor em algum momento da vida. Seu autor, talvez até morto, não teve conhecimento de que um dia eu leria aquele livro. Assim é meu blog e meu portfólio, não sei quem o vai ler, nem quando. Talvez seja um texto que escrevi apenas para ser avaliada, por necessidade ou pura diversão. Talvez sejam breves palavras, quase inconseqüentes ou um momento da mais pura reflexão. Não importa. Sinto falta de nunca ter escrito um livro, talvez um dia tenha a capacidade de escrevê-lo. Este é o caminho da imortalidade, não ser esquecido entre os homens. Meu blog e meu portfólio estarão aqui para reviverem-me, um pouco de mim na memória dos que a lerem. Eu própria certamente vou rever minhas anotações sempre que tiver necessidade de retomar algum conhecimento esquecido. Não precisarei consultar livros ou anotações alheias, poderei reler o que aprendi e registrei durante esta faculdade. Foi um processo longo e contínuo. Senti melhoras ao longo do curso. Ao rever o blog e o portfólio como um conjunto posso ver o caminho que percorri. Olho para trás e vejo os meus primeiros passos, olho para frente e vejo minha formatura. Só posso dizer uma coisa: foi um privilégio estar com vocês.

quinta-feira, novembro 18, 2010

O começo do fim

Nas últimas postagens vim fazendo uma retrospectiva de todos os eixos pelos quais passei até aqui. Finalmente chegamos ao último. Finalmente, não porque meu trabalho vai acabar, pois vou precisar retomar algumas reflexões para não ir para o tronco, mas porque todo nosso aprendizado, até aqui, tem somente um destino: nossos alunos. E é justamente em nossos estágios que colocamos em prática tudo que aprendemos. É claro que minhas turmas foram se beneficiando ao longo desses semestres com uma melhora na bagagem pedagógica de sua professora, porém é no estagio que vamos registrar essas experiências.

Trabalhei com a construção da identidade de meus alunos como tema gerador de minha proposta de estágio. Creio que hoje ao chegar à fase final do curso, eu mesma me questione qual a minha identidade? Nossa identidade é construída ao longo da vida, como diria Freire, somos seres em construção. E por estarmos em constante formação, e esperamos melhorias, poderia dizer que ao final de meu curso me considero uma professora mais capacitada que no inicio desta jornada. O estágio é um momento em que tudo deve ser planejado, executado o mais próximo possível desse planejamento e os resultados devem ser devidamente registrados. A importância do registro é tentar passar um pouco de nossas experiências, com nossos acertos e erros, de modo a compartilhar esse conhecimento. Não somos juízes e não criamos jurisprudências, mas podemos aprender com nossos colegas. Meu estágio foi uma experiência nova, mesmo para uma professora de carreira, mesmo não sendo meu primeiro estágio. Como nenhum aluno é igual a outro, e nenhuma turma é igual a outra, todo inicio de ano é uma experiência nova. Minha prática de ensino se renova a cada ano. Minhas experiências aumentam a cada ano. O estágio é um momento único, não porque vá me esforçar mais do que em minha prática habitual. Isto já procuro fazer normalmente a cada ano, dar o melhor de mim para que o ano seja melhor que o anterior. O estágio é diferente, porque é o momento em que além de usarmos toda a teoria que aprendemos ainda precisamos dizer qual fundamento teórico utilizamos escrevendo e anotando tudo em detalhes e sendo avaliadas. A prática e a teoria se fundem em uma só atividade.

Quase perdi o fio do tirocínio. Como estava falando, feliz de quem passa a vida construindo sua identidade e não tem a petulância de se achar um ser completo e acabado, com todas as suas verdades prontas. Ajudei meus alunos na construção de suas identidades e eles me ajudaram na construção das minhas. Ter opinião não significa que não se possam mudá-las. Ter conhecimento não significa que não se possam ampliá-lo. Conhecer a verdade não significa que ela seja absoluta ou a única existente.

terça-feira, novembro 16, 2010

Resposta

Quer saber qual o aprendizado que tive com a interdisciplina de LIBRAS?
Nosso governo teve a feliz idéia de acabar com as escolas e turmas de ensino especial, para pessoas portadoras de necessidades especiais. Viva a inclusão! Tudo muito bonitinho como no comentário do post anterior. Pois eu te respondo, meu aprendizado de Libras me capacita tanto quanto a capacitação que me foi oferecida pelo governo. Olho para os lados e cada vez mais percebo que importante mesmo é ser amigo do rei. Se o povo reclama de fome e da falta de pão, porque não comem brioches? Meu aprendizado de LIBRAS me fez perceber que em terra de cego quem tem um olho é rei. Infelizmente não sou amigo de nenhum rei caolho. Meu aprendizado de LIBRAS, mesmo com o curso que já havia feito anteriormente (por minha conta, para me capacitar), me fez perceber que sou surda. Não vou dizer que sou totalmente “muda”, porque tenho capacidade de pedir água e pão através de mímica. O que ajudou na minha prática? Depende do ponto de vista, infelizmente o meu é deficiente e cego. Agora me mostre um aluno desta interdisciplina que aprendeu LIBRAS o suficiente para mudar suas práticas com um deficiente auditivo. Creio que a cadeira nem se destinava a nos tornar aptas nessa linguagem, se alguém achou isso creio que não deve estar falando do mesmo curso que fiz. Como introdução a este interessante recurso, ótimo, agora me perguntar qual foi a aprendizado que fiz e a relação entre a teoria e prática? Ótimo tem tutoras no curso. Ótimo, viva a inclusão. Pena que não sou amiga do rei. Lembro das dificuldades que todas tivemos para traduzir uma pequena conversa que nos foi apresentada em vídeo. Mesmo com tempo , ajuda de dicionários de LIBRAS e outros recursos, o resultado prático foi um terror. Queria ver, tentarmos acompanhar uma conversa animada de surdos num ônibus. Ultimamente ando lendo os blogs de meus colegas e os comentários que são postados, hoje como no dia 16/09/2009 posso dizer que muita coisa não mudou, nem vai mudar. Meu blog sim mudou um pouco, já não me esforço mais como antigamente, sou uma aluna relapsa, dou a minha mão a palmatória. Mas meu pior defeito é não ser amiga do rei, e nem querer ser.

quinta-feira, novembro 04, 2010

SUPERações

Há um ano estávamos trabalhando com LIBRAS, meu blog registrou esse momento falando sobre LIBRAS e sobre os deficientes visuais e auditivos. Ao ter que escrever meu blog, meu TCC e outros trabalhos da faculdade me senti meio deficiente. Pareceu-me que não seria capaz de dar conta do recado. Mesmo com todos os cinco sentidos funcionando perfeitamente senti como que paralisada em minhas plenas faculdades. E por coincidência foi justamente em outubro do ano passado que falei sobre o mágico de OZ. Nele encontro as respostas para meus anseios: a coragem de continuar, o cérebro para escrever e o amor para dedicar-me. Não preciso andar pela estrada de tijolinhos amarelos para encontrar o que está dentro de mim. Não preciso passar pelas mesmas dificuldades que Jonas para poder aprender. Preciso sim, me esforçar e dar tudo de mim para que as outras pessoas ouçam e leiam o que tenho a dizer. Esforço, muito maior, é preciso para aprender a falar em LIBRAS e quando vejo um grupo de surdos falando animadamente percebo que a deficiência esta em quem se deixa vencer. Ninguém disse que o aprendizado é algo fácil. Mas o esforço de continuar, tanto deve ser do educando como do educador. Como professora, faço o possível para que meus alunos superem suas dificuldades e consigam alcançar os objetivos propostos. Como aluna acho que me deixei abater, apesar dos esforços de meus educadores. Mas nunca é tarde para superar nossas deficiências, mesmo que tenhamos de repetir ou morrer tentando. De nada adiantaria incentivar meus alunos a levarem seus estudos a sério, se eu mesma não acredito que isso seja possível. Estamos na reta final, hora de dar o último “sprint” rumo à vitória.




sábado, outubro 30, 2010

True Colors


No eixo VI fiz muitas postagens sobre a disciplina Questões Étnico-raciais na Educação, História e Sociologia. Por ser afro-descendente sempre me identifiquei com o tema. Apesar de não concordar com a forma que foi abordado esse tema procurei participar da melhor maneira possível. Sempre tratei as questões étnico-raciais e a luta contra os preconceitos em minha sala de aula. Creio que quanto mais o assunto for debatido, melhores serão os resultados. Racismo é crime, quando esta lei pegar de fato viveremos numa sociedade muito mais solidária e justa. Acabar com os preconceitos não deve restringir-se a etnia racial, mas também ao preconceito aos portadores de necessidades especiais (outra interdisciplina do eixo VI), aos “feios” (como pretendo relatar a experiência em meu TCC) e toda ou qualquer forma de preconceito geradores do famigerado bullying. Neste ano de 2010, estamos muito mais próximos de concretizar o sonho de Martin Luther King em seu discurso de 1963, mas infelizmente ainda é apenas um sonho que temos que construir para tornar-se realidade. Muito se tem feito e muito ainda temos de fazer. Diga não ao racismo, diga não ao preconceito de qualquer espécie, diga não ao bullying.

Crítica e Autocrítica


Ao rever a interdisciplina Organização e Gestão da Educação, que estudamos no eixo V, destaquei uma frase na mensagem de apresentação do módulo:

“... Isso significa que em muitos momentos precisaremos nos tornar auto críticos e nos posicionarmos sobre as práticas que ajudamos a instituir com nossas vozes ou com nossos silêncios.”

Agora ao escrever meu TCC deparei-me com o a mesma autocrítica. Minhas pesquisas apontam para o fato da escola exercer uma posição dominadora sobre as famílias, procurando impor sua forma de educação sem levar em conta os pais ou os alunos. Tal posição da escola enquanto instituição, e a mim como membro dela, me fez questionar até que ponto eu venho reproduzindo esta ideologia dominante e o que tenho feito para fugir dela. As leituras de Paulo Freire, que venho fazendo de ao longo de toda a faculdade, fazem com que eu tenha uma postura mais construtivista em relação a educação de meus alunos. Procuro fugir das formas prontas e chamar os alunos a participarem da construção de seu aprendizado, valorizando sua cultura e seus conhecimentos. Mas como professora inserida em uma instituição de ensino, sou obrigada ao mesmo tempo a me adaptar ao que é exigido pelos responsáveis pela nossa gestão de ensino. Nossa autocrítica diária deve permear nossa relação com nossos alunos, nossa relação com a escola e sua organização deve ser sempre visando o melhor para os educandos.

Quem tem medo da matemática?


No eixo IV estudamos a interdisciplina “Representação do mundo pela Matemática”, lembro de ter comentado em meu blog que nunca tinha tido boas relações com esta matéria. Todos nós temos preferências por uma ou outra matéria, aptidão para determinadas coisas e outras nem tanto. Para a grande maioria dos estudantes a matemática é um bicho papão. A mais temível das disciplinas! Não deveria ser assim, como vimos nessa interdisciplina a matemática esta relacionada a quase tudo que nos cerca. Nem sempre a notamos, mas se formos verificar ali esta ela com suas fórmulas perfeitas. Foi utilizada até mesmo por pintores que procuravam alcançar a beleza através dos números. Apesar de nunca ter gostado de matemática reconheço a sua importância. Ela é o pilar das ciências exatas. Incentivar o seu ensino é pensar num futuro cheio de aplicações e de desenvolvimento tecnológico. Desenvolver o gosto da matemática em nossos alunos é desenvolver futuros cientistas e engenheiros. Apesar de ter vocação para as áreas humanas, gosto muito da matemática, pena que ela não goste de mim. Mas como professora não posso transparecer esta minha inaptidão, afinal eu sei que esta matéria, como qualquer outra, só requer um pouco de dedicação para ser melhor compreendida. A interdisciplina “Representação do mundo pela Matemática” nos permite perceber como podemos atrair nossas crianças para este interessante mundo. Talvez se meus antigos professores conhecem as ferramentas as quais fomos apresentadas, eu tivesse tido uma aproximação mais amistosa e prazerosa com esta disciplina.

Educar é uma arte!


No eixo III tivemos uma aula sobre o lúdico em nossas vidas. Tanta coisa boa: Artes Visuais, Literatura Infanto-Juvenil e Aprendizagem, Ludicidade e Educação, Música na Escola e Teatro e Educação, além do Seminário Integrador III. Revi meu blog e minha primeira visita ao Tholl, fiquei encanta. Gostei tanto que em 2009 consegui programar para levar meus alunos. Certa vez ouvi um comentário de uma mãe que dizia que eu adorava levar meus alunos para passear. Não sei se foi em tom pejorativo ou elogio. Poderia estar dizendo que os passeios são desculpa para não dar aula (como alguns pensam a respeito dessas atividades) ou que os passeios proporcionam um enriquecimento para meus alunos. Em minha sala de aula todos somos artistas, apreciadores de arte, pintores, artistas plásticos, críticos de cinema, atores e até palhaços, porque não? Para aprender não é preciso fazer cara feia ou ficar restrito ao preto no branco. Comecei trabalhando com as obras do Miró, agora já arrisco até um Renoir. A hora do conto, tem direito a fantasia e pintura no rosto. E para ir ao teatro é uma festa, precedido de muito trabalho para arrecadar dinheiro, conseguir ônibus, reservar lugares. Para trazer as artes para sala de aula, ou levar nossos alunos até ela, não é preciso muito, um pouquinho de boa vontade, uma pitadinha de amor, de paciência e de colaboração. Mas no fim o sorriso de cada um compensa qualquer trabalho despendido. Educar é uma arte.

Ideologia


Nossa trajetória no PEAD iniciou lá no eixo I, neste semestre tivemos uma disciplina chamada Escola, Cultura e Sociedade. Estudamos entre outras coisas sobre a visão da educação em Marx e Engels, e é deles que extraio um resumo registrado em meu blog:

A classe dominante (burguesia) impõem seus valores e idéias como sendo a única visão correta, fazendo com que a classe trabalhadora absorva esses valores e pense como a classe dominante, encaixando-se nesse padrão de vida e se submetendo a exploração. Para eles a educação desempenha o papel de transmitir a ideologia da classe dominante, as regras de funcionamento da escola, seus conteúdos e abordagens só vêm reproduzir a desigualdade na sociedade capitalista. A educação fornecida para os trabalhadores têm o objetivo de reforçar a ideologia da classe dominante como correta e fazer com que se aprenda apenas o necessário e suficiente para lidar com os seus instrumentos de trabalho, disciplinando-os e treinando-os, tornando-os assim "eficientes". Os estudos de Paulo Freire nos alertam sobre o mal da “educação bancária”, lendo Marx diríamos “a educação que agrada os banqueiros”. Como professores devemos nos “auto-policiar” para não sermos reprodutores desta ideologia. Devemos ser críticos e fazer com que nossos alunos tenham posicionamentos críticos. O professor que apenas reproduz o conteúdo que deve ser recebido pelos alunos é um “ditador”, pois impõe o seu domínio sobre desrespeitando a cultura dos alunos. Marx e Engels não eram educadores mas escreveram sobre educação. Criticaram a religião, o ópio do povo, e a sociedade capitalista. Jesus não se envolveu em política e também não era educador, mas seus ensinamentos ficaram na história:

E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. (João 8: 32)

domingo, outubro 17, 2010

Uma carta aos que estiveram lá...

Oi amigos,
É com muito amor, paz, alegria, satisfação, uma felicidade muito grande e tantas outras coisas tão boas que nem sei descrever, é que escrevo essa carta.
Obrigada aos que estiveram em Gramado/Canela, no dia histórico de 10/10/2010. E as que não foram até lá de corpo presente, mas que o coração estava lá... Coração apertado, com medo de deixar seus “bebezinhos” lindos, fofos e com certeza muito amados aos com certeza muito amados aos cuidados de uma professora maluquinha (e um pouquinho chorona)... Ainda agora as lágrimas insistem em sair de olhos marejados de tanta felicidade.
Tive muito trabalho (acho que perceberam, não?), mas cada minuto, cada segundo, cada milésimo de segundo valeu a pena ao ver nossos* bebezinhos de diversos tamanhos com suas chupetinhas na boca, passeando por lá. (*nossos porque quando vocês os deixam comigo, passo a amá-los como se fossem meus também, isso é inevitável).
Então agora, vai os meus parabéns aos nossos bebezinhos, bebezões e companhia ilimitada. O dia foi 10! E vocês mais, muito mais de 1000. Obrigada pelo comportamento show de bola! Se a “sora” chamou a atenção de vocês ou rolou um “stress”, vocês levaram na boa, de boa. Me deixaram respirar, relaxar, achar o rumo e tocar o barco, afinal eu sou o comandante e vocês minha tripulação. Vocês são uma sementinha que plantei no coração, cuidei com muito amor, tanto amor que um baobá lindo nasceu. Aquela semente pequenininhazinha se transformou em um baobá imenso que vai durar mais, muito mais que 6000 mil anos.
Aos motoristas, amigos, distribuidores de chocolate e a todos outros “anjo” e amigos invisíveis que estavam lá, meu muito obrigada da minha alma realizada e em paz.
Vou contar uma coisa (segredinho), quando cheguei em casa todo meu corpo doía, partes que eu nem sabia que tinha fiquei descobrindo, que existiam, por causa da dor. Mas valeu! Valeu messssssmo!
Não queria escrever tanto, mas não consigo parar.
Só quero que lembrem sempre de duas coisas:
1º O que fiz foi pensando em me promover, não quero cargo na escola, nem sou candidata à vereadora, nem nada assim, só quero realizar um pedacinho (por mínimo) que seja. Sabe qual é o meu sonho? Consertar o mundo! Não o mundão do globo terrestre. Não o Haiti. Não vou rezar pelo Haiti (até posso, porque não?!). Mas a verdade é que quero consertar o mundo e colocar no rosto daquele que está ali do meu lado, esperando desesperado na frente da porta da sala de aula para entregar seu filho àquela professora tão pequenininha, quase do tamanho deles ou até um pouco menor. Mas com um coração imenso dentro e ao redor dela.
2º Sempre, sempre, SEMPRE acreditem nos seus sonhos, corram atrás e peçam que um anjinho passe ao lado e diga: Amém!
Sonhar é preciso, é necessário e acreditar faz o sonho acontecer!
Uns dias antes de irmos até o “local mágico”, uma aluna acompanhada de sua colega e amiga confidente foram até a minha mesa, e então ela disse:
- Sora, depois que formos pra Gramado, vamos ir pra Santa Catarina?
Essa guria “tá loca”! Da onde vou tirar dinheiro pra isso?! (pensamento). Respondi:
- Calma, querida, nem fomos para Gramado e SC é tão longe. Quem sabe mais perto? Mas vamos ver, quem sabe?
E fiquei horas, dias pensando... Essa guria tá doida! E deixei-a sonhar, porque não? Não temos o direito de assassinar o sonho de ninguém! Agora descobri. Ela não é doida. É apenas uma “aluna da professora maluquinha” e está dando seus primeiros passos na arte de sonhar.
Por isso, não se esqueçam de SONHAR!
Enfim,
Obrigada, obrigada, obrigada!
Foi MARA! M A R A V I L H O S O!
P.S.1 Desculpem o atraso!
P.S.2 Sim, foi uma Disneylandia!

sábado, setembro 25, 2010

Uma gota no oceano



Revendo as minhas postagens do Eixo II, onde recomendei a leitura do livro Serafina e a Criança que Trabalha. De fato, ao longo de todo meu blogger aparecem recomendações de leituras de livros, da apreciação de filmes, peças e artigos interessantes que de alguma forma contribuem para a educação. Não os criei, mas ajudo a divulgar e espalhar, assim como, muitos deles me foram recomendados ou os vi divulgados em algum lugar.
Em seu poema John Donne, nos faz pensar em nossa relação com a humanidade, somos parte dela e ela de nos:

Justificar“Nenhum homem é uma ilha, sozinho em si mesmo; cada homem é parte do continente, parte do todo; se um seixo for levado pelo mar, a Europa fica menor, como se fosse um promontório, assim como se fosse uma parte de seus amigos ou mesmo sua; a morte de qualquer homem me diminui, porque eu sou parte da humanidade; e por isso, nunca procure saber por quem os sinos dobram, eles dobram por ti”.

Educar também é compartilhar. Não só a troca de experiências e conhecimentos, mas também um ato de compaixão. Nossas trocas, relatos e comentários deixados aqui , neste e em outros blogs, ajudam de alguma forma a mim, a você, aos nossos alunos, nossos professores, nossa humanidade. “ninguém é uma ilha” e nosso mundo não gira em torno de nosso umbigo, ou de nosso blog. Eu recomendei um livro, outros gostaram da idéia, alguns alunos tiveram contato com esta leitura prazerosa. Muita água rolou nesse oceano, e muitos barcos chegaram a minha ilha.

segunda-feira, setembro 20, 2010

Meu querido diário

Há longo destes anos este espaço tem sido como diário pedagógico, para registrar os meus anseios, minhas conquistas e decepções. É um registro pela passagem na faculdade, no curso de Pedagogia da UFRGS.

Penso que depois de formada não deixarei de escrever, pois é aqui neste espaço que exponho meus pensamentos, tornando-os públicos, aos viajantes de passagem, e aquele que se dispuser a ler um pouco sobre o penso.

A troca de idéias e experiências enriquece o homem. Muito tenho crescido ao ler, ver e ouvir o que circula no espaço virtual e espero que de alguma forma minhas reflexões e registros também possam contribuir para enriquecer este espaço da cultura universal que é a web.

Nos primeiros semestres utilizava gif’s, cores e muito mais, na tentativa de descobrir novas ferramentas, assumo que exagerei, afinal este é um blogger acadêmico. Mas como resistir aos encantos que o espaço virtual oferece? Hoje, procuro ser mais discreta, preocupada muito mais com o conteúdo, porém sem descuidar da estética.

Sinto uma evolução de qualidade em meu blogger, aprendi a dominar melhor as ferramentas e diria até a própria linguagem.

domingo, setembro 12, 2010

Uma estudante em desespero: TCC!

Relendo as minhas postagens, logo na segunda, em 09 de setembro de 2006, senti como se tivesse voltado no tempo. O Título: Socorro!
O tempo passa e as velhas dúvidas dão lugar às novas. Talvez esse seja o grande dilema do aluno-pesquisador. Não existem respostas prontas e na grande maioria das vezes nos encontramos perdidos, desesperados, despreparados, incapazes e bloqueados.
O prazo final para entrega do TCC se aproxima e por mais que tivesse estudado e me preparado, não me sinto capaz de realizar tal feito.
Porém ao analisar as demais postagens no blogger, dos primeiros semestres, percebo que as superações as dificuldades se fazem dia-a-dia. O conhecimento adquirido, por menor que tenha sido trabalhado ou assimilado sempre trará benefícios para o resultado final. A teoria sempre encontra o seu espaço na prática da sala de aula. Os exemplos vividos são uma lição que não esquecemos tão facilmente. As conquistas registradas em meu blogger são o testemunho vivo de minha vida acadêmica e profissional durante este curso.
Aprendi muito sobre a educação, nas primeiras postagens era um pouco mais apegada aos textos trabalhados pelas disciplinas, com o tempo aprendi a colocar os meus exemplos e a alternar entre a prática e a teoria. Passei a expressar melhor minhas idéias e não somente reproduzir os textos lidos. Tornei-me mais crítica e analítica. Ao dominar melhor o conteúdo passei a dialogar com a teoria e sempre dentro do possível, corrigir minha prática e melhorá-la com os novos conhecimentos adquiridos.

terça-feira, junho 22, 2010

UMBAOBÄ



Baobá, que tesouros guardas em teu ventre?
Dizem que guardas segredos em teu tronco.
E de tão gordo convidas que eu entre.

Meu vô foi criado à tua sombra.
Tu já eras grande e imponente.
Tua origem é tão antiga que ninguém lembra.

Nasceste de cabeça para baixo.
Como a nos dizer: Há algo errado na África!
A escravidão já acabou, eu acho!

Mas tu ainda vês muita miséria.
Muita fome e guerra.
É a coisa ta mesmo séria!

Quanto te vejo ai sozinho.
Quase entendo o que dizes.
Assim calado e tristonho.

Neste tronco-peito tens um segredo.
É ai que guardas o coração da África.
Grande,Lindo e amado

quinta-feira, junho 17, 2010

Identidades - Parte II



Muitos de meus alunos não tinham feito a sua carteira de identidade ainda. Eles estão estudando sobre suas identidades, suas origens, suas peculiaridades, suas qualidades e aprendendo a ter orgulho de quem são. Não um orgulho egoísta e vaidoso, mas um orgulho construtivo e valorizante. A identidade para estas crianças tem um valor muito mais simbólico do que prático. Não serão cobradas por não a possuírem, não perderam seus direitos assegurados com suas certidões de nascimento. Estas eles já estudaram, sabem quem são seus avôs, seus pais, seus padrinhos, onde e quando nasceram. A carteira é uma recordação, um comprovante para dizerem quem são. É o concreto, o palpável daquilo que lhes representa. Fiz um esforço para conseguir com que todos tivessem a oportunidade de confeccionar suas carteiras. Após algum malabarismo consegui agendar junto ao Departamento de Identificação (Porto Alegre) para todos poderem fazer no mesmo dia. Faltava o transporte, desta vez nem com prestidigitação foi possível conseguir um ônibus de graça, lamentavelmente nossos velhos colaboradores não puderam nos prestar esse favor. O jeito foi fretar um ônibus a ser pago pelos alunos. Nem todos fizeram parte desta atividade, muitos já há possuíam, outros simplesmente não tiveram interesse de fazer agora: é muito cedo, pensaram alguns pais. Outros infelizmente, talvez por não puderem pagar o transporte, não se manifestaram.
O grupo saiu faceiro. Empolgados sim, mas ordeiros. Foram disponibilizados quatro guichês para meus alunos puderem confeccionar as carteiras. Sempre que aparecia uma senhora grávida ou um idoso eles gentilmente sediam sua vez. Foram indo aos poucos e quando faltavam três alunos a fila dos outros guichês havia aumentado e optamos por compartilhar a fila comum para evitarmos maiores transtornos retribuindo a gentileza que o pessoal do Instituto Geral nos fez. Tiramos fotos de lembranças e agradecemos a acolhida. Meus alunos deram uma aula de civilidade e cidadania, me enchendo do mesmo orgulho que gostaria que eles tivessem de ser quem são.

quarta-feira, junho 16, 2010

Identidade - Parte I


É este pedaço de papel que vai dizer quem somos?
Somos negros, somos índios, somos brancos.
Os rios da África correm em nossas veias.
Nossas raízes nutrem-se das terras roubadas dos Guaranis.
Nossas lembranças perdem-se no além mar.
Quais são nossas identidades?
Somos brasileiros.
Somos gaúchos de coração.
Torcemos por nosso time ganhar o Grenal.
Acendemos uma vela na igreja.
Damos pinga pro santo.
Pedimos a benção de Tupã.
Nossa mesa é farta.
Comemos feijoada, vatapá, aipim e bacalhoada.
Cerveja no verão, vinho no frio.
Chimarrão sempre.
E um cafezinho pras visitas.
Quem nós somos?
Na carteira vai meu nome.
Nossa identidade é única.
Nossa cultura é vasta.
Temos uma rica herança.
Temos orgulho de nossa terra.
E por ela havemos de lutar, tal quais os farrapos.
Sabemos de onde viemos
E pra onde queremos ir.
Escreve ai seu moço.
Somos brasileiros
Somos gaúchos.
Temos um nome.
Coloca ai que eu assino em baixo.

segunda-feira, junho 14, 2010

Novos assuntos velhos

Nesta semana meus alunos receberam pequenos mapas onde puderam identificar onde ficavam suas casas. Depois marcamos em um grande mapa onde morava cada um deles. A curiosidade dos alunos chamou a atenção de que no mapa só estavam identificadas duas escolas e segundo eles havia uma terceira. Eu também conhecia a tal escola, mas não sabia seu endereço, resolvemos investigar e registramos este ponto no mapa. A partir de então todos puderam contribuir com outros pontos de referência que achavam importantes. Na construção de suas identidades puderam observar melhor o entorno de suas casas e como localizarem-se. Um dos meus alunos mora ao lado de um “valão” estivemos neste local no começo do ano. Estudamos o efeito da poluição nas fontes de água. Foi uma atividade bem interessante, pois na continuação estivemos no DMAE onde pudemos ver a trabalheira que dava limpar toda aquela sujeira que pudemos ver in locuo. Esta atividade foi uma semana antes de começar meu estágio, e agora nestes últimos dias trabalhei a questão do bullying em nossa escola.
Mas porque trabalhar questões "da moda"? Não seria um pouco de redundância tratar de questões que eles vêem na mídia no seu dia a dia? Creio que não, quando vêem tais assuntos na tela da TV, muitas vezes não se dão conta do impacto que eles tem no seu dia a dia. Tratar de sustentabilidade, da preservação das espécies, da conservação do planeta não se trata de uma moda passageira, trata-se de nossa sobrevivência. Conversar sobre o bullying, que todos sabem não ser nenhuma novidade que surgiu ontem, não é trocar o nome de velhos problemas e sim procurar novas soluções e se conseguirmos extingui-los, pelo menos amenizá-los. Não pretendo fazer um diálogo vazio, politicamente correto ou sensacionalista, mas sim construir uma consciência coletiva, o mais abrangente possível, dos problemas que afetam sim a mim e meus alunos.
Antigamente se ensinava sobre os problemas de poluir os rios, tiravam do contexto e queriam que nos alunos abstraíssemos tal conceito e compreendêssemos todo o processo sem mal sabermos o que é um rio. Não é preciso levar nossos alunos a nenhum valão, basta levá-los a um bueiro e perguntarmos aonde vai toda a sujeira que ali depositamos e fazê-los compreender que mesmo isolados fazemos parte de um todo. Não é preciso perguntar se souberam ou se viram algum caso de violência em escolas exibido na mídia. Basta perguntar o que viram durante o recreio e que não gostariam que tivessem feito com eles. Ninguém gosta de ser chamado de gordo, ou de magro, de feio ou de burro. Para alguns isso dói mais que muito tapa na cara.
Tratar de problemas que afetam nossa sociedade não é modismo, e expor algo que não pode ser mais escondido. É tirar a venda da ignorância para quem sabe um dia estes sejam problemas a serem estudados apenas pela história.

domingo, junho 13, 2010

Ensinar exige respeito à autonomia do ser educando


O titulo não é meu, é do mesmo livro do Paulo Freire, Pedagogia da Autonomia, com o qual já trabalhei na postagem anterior. Ao ler este capítulo lembrei de um texto que conheci pelo nome de “o menino e a flor”, que hoje descobri ser “o menino pintor”, escrito por Púllias e Young Earl. Nele vemos bem o quanto podemos prejudicar a criatividade e autonomia de uma criança impondo nossos próprios valores e ”pré-conhecimentos”. Respeitar a autonomia do educando (educando pois se aplica a alunos de todas as idades, mas principalmente quando ainda não tem uma identidade plenamente desenvolvida) como nos faz ver Freire, requer um capitulo a parte:



“Não faz mal repetir afirmação várias vezes feita neste texto - o inacabamento de que nos tornamos conscientes nos fez seres éticos. O respeito à autonomia e à dignidade de cada um é um imperativo ético e não um favor que podemos ou não conceder uns aos outros. (...) . O professor que desrespeita a curiosidade do educando, o seu gosto estético, a sua inquietude, a sua linguagem, mais precisamente, a sua sintaxe e a sua prosódia; o professor que ironiza o aluno, que minimiza, que manda que "ele se ponha em seu lugar" ao mais tênue sinal de sua rebeldia legítima, tanto quanto o professor que se exige do cumprimento de seu dever de ensinar, de estar respeitosamente presente à experiência formadora do educando, transgride os princípios fundamentalmente éticos de nossa existência. É neste sentido que o professor
autoritário, que por isso mesmo afoga a liberdade do educando, amesquinhando o seu
direito de estar sendo curioso e inquieto. Tanto quanto o professor licencioso rompe
com a radicalidade do ser humano...

Deixemos portanto os alunos pintarem flores de todas as cores, de todas as formas, mas sem "pintar o sete", respeitando suas individualidades e suas ideias. O conhecimento, como o próprio ser humano, é inacabado, está em constante processo de crescimento e deve ser reconhecido, pelo pouco ou muito que tem a nos passar. Existe um velho ditado que nos diz que ninguém sabe tudo que não tenha nada a aprender, ninguém sabe nada que não tenha nada a ensinar. Tal axioma deveria ser uma norma a ser seguida por todos alunos e professores. A participação dos alunos em sala de aula é tão importante quanto o respeito do professor a suas manifestações. Em uma sala de aula onde todos tem a liberdade de perguntar ou dizerem o que pensam sobre o assunto só enriquece o conhecimento, tanto do aluno, como do professor que mesmo que saiba todas as respostas, passara a conhecer novas perguntas.

segunda-feira, junho 07, 2010

Identidade e Ação Histórica

Ao trabalhar com a busca da identidade de meus alunos deparei-me com outras questões relacionadas. A identidade vem atrelada ao conhecimento (ou falta dele), a cultura, as raízes e histórias de cada um. Para cada identidade uma individualidade, uma face de muitas faces. Um indivíduo não vive só. Ele faz parte de uma sociedade, tem laços familiares em maior ou menor grau, alguns estruturados, outros nem tanto. Uma sala de aula possui diferentes individualidades, diferenças de sexo, idade, origem, religiosidade, nível sócio-econômico e outros aspectos, alguns irrelevantes (ou não) como o time do coração. Cada um traz a sua carga de conhecimento e é com elas que procuramos trabalhar. Crianças com lares onde o computador não é nenhum bicho estranho, outras onde o livro é um dragão de sete cabeças. Cada um possui um passado e há de construir o seu futuro. Devemos conhecer quem somos de onde viemos e para onde queremos ir.

“Gosto de ser gente porque inacabado, sei que sou um ser condicionado mas, consciente do inacabamento, sei que posso ir mais além dele. Esta é a diferença profunda entre o ser condicionado e o ser determinado. A diferença entre o inacabado que não se sabe como tal e o inacabado que histórica e socialmente alcançou a possibilidade de saber-se inacabado. Gosto de ser gente porque, como tal, e o inacabado que histórica e socialmente alcançou a possibilidade de saber-se inacabado. Gosto de ser gente porque, como tal, percebo afinal que a construção de minha presença no mundo, que não se faz no isolamento, isenta da influencia das forças sociais, que não se compreende fora da tensão entre o que herdo geneticamente e o que herdo social, culturalmente e historicamente, tem muito a ver comigo mesmo.
... O fato de me perceber no mundo, com o mundo e com os outros me põe numa posição em face do mundo que não é de quem nada tem a ver com ele. Afinal, minha presença no mundo não é a de quem a ele se adapta mas a de quem nele se insere. É a posição de quem luta para não ser apenas objeto, mas sujeito também da história.” FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. Ensinar exige respeito o reconhecimento de ser condicionado - 1996.

Se Paulo Freire, estudioso e ícone na educação mundial, considerava-se um ser inacabado, o que resta a mim e a meus alunos senão também assumirmos nossa condição humana de seres em constante formação e procurarmos aprimorar cada vez mais nossos conhecimentos.
Não somos uma individualidade pronta e acabada, que não teve origem e não sofre influências do meio. Somos todos capazes de ser “sujeitos da história”. Conhecer um pouco mais de sua própria identidade e a busca de valorizar o “eu” de cada um. De construir a nossa autonomia e inserirmo-nos no mundo, deixando nossas marcas.

quarta-feira, maio 19, 2010

Conhecendo o aluno

Numa educação utópica por mim idealizada, seria iniciar com o mesmo grupo de alunos desde os primeiros anos até o fim do ensino fundamental. Assim os alunos conheceriam melhor o seu grupo e a sua professora. Tal projeto, bom ou mau, seria impraticável por vários motivos. Minha proposta pedagógica em meu estágio é trabalhar com a identidade de meus alunos. Que eles sejam capazes de conhecerem um pouco mais de si mesmos e da realidade que os cercam, que sejam capazes de identificar os traços culturais que cada um possui e a valorizar suas características e diversidades. Mesmo que nem uma das muitas crianças que compõem o universo desta sala de aula volte a encontrar-se novamente, espero que possam ter sua auto estima valorizada e que saibam reconhecer e respeitar as diferenças ou semelhanças, culturais que elas e seus colegas trouxeram para o aprendizado deste ano. E a cada nova turma como professora, sempre procurarei conhecer um pouco mais sobre meus alunos, apesar de demandar tempo e paciência. Cito um trecho extraído do livro “Os Aprendizes do Aprender” de Lourdes Rodrigues:
“Em Paulo Freire, a realização de pesquisa de campo inicial pretende a integração dos grupos e levantamento dos seus interesses, valores, conhecimentos e modo de viver, permitindo que as pessoas se tornem conhecidas sem intimidação ou distanciamento.
A fase inicial do trabalho educativo consiste em conhecer a realidade dos educandos, valorizando os significados culturais do meio e estimulando novos conhecimentos.

Paulo Freire propõe a busca constante de encontrar formas alternativas para o desenvolvimento geral do educando. Para que isso ocorra é necessário um planejamento bem estruturado com os educadores e com o máximo de informações sobre o universo do grupo de educandos, que direciona a educação para a valorização da cultura do individuo e do grupo e a compreensão de seus conhecimentos já existentes. (pág. 88)

sábado, maio 15, 2010

Conceitos Prévios

Ao longo do curso, e de minha prática pedagógica, preocupei-me com as questões de discriminações raciais e como lidar com isto em sala de aula. Já havia refletido sobre o assunto algumas vezes aqui em meu blog. Agora em meu estágio ao trabalhar com a construção da identidade de meus alunos os mesmos velhos problemas vem à tona. Como trabalhar a questão étnico-racial num país onde a grande maioria tem vergonha de identificarem-se como negros ou índios? Valorizar a auto-estima de cada um independentemente de sua “pseudo raça”, cor ou religião continua sendo um desafio. E me sinto gratificada cada vez que ajudo a diminuir as diferenças, ou valorizá-las. O que seria do verde se todos gostassem do amarelo? Não gostaria de viver num mundo onde todos vestissem a mesma cor e lamento que tenha tantas pessoas “daltônicas” por aí.
Retiro um texto do livro Kulé Kulé, educação e identidade negra, editado pela Univerdade Federal de Alagoas, diz o parágrafo da página 14, escrito por Nilma Lino Gomes:

“Não é fácil construir uma identidade negra positive convivendo e vivendo num imaginário pedagógico que olha, vê e trata os negros e sua cultura de maneira desigual. Muitas vezes, os alunos e as alunas negras são vistas como “excluídos”, como alguém que, devido ao seu meio sociocultural e ao seu pertencimento étnico/racial, já carrega congenitamente alguma “dificuldade” de aprendizagem e uma tendência a “desvios” de comportamento, como rebeldia, indisciplina, agressividade e violência. Essas concepções e essas práticas pedagógicas, repletas de valores e representações negativas sobre o negro, resultam, muitas vezes, na introjeção do fracasso e na exteriorização do mesmo pelos alunos e alunas, expresso numa relação de animosidade com a escola e com o que muitos/as aluno/as introjetem o racismo e o preconceito racial.
Essa perspectiva, que prima pela exclusão e trata as diferenças como deficiências, transforma as desigualdades raciais, construídas o decorrer da história, nas relações políticas e sociais, em naturalizações. As desigualdades construídas socialmente passam a ser consideradas como características próprias do negro e da negra. Dessa maneira, um povo cuja história faz parte da nossa formação cultural, social e histórica, passa a ser visto através dos mais variados estereótipos. Ser negro torna-se um estigma. Se passarmos em revista vários currículos do ensino fundamental e médio, veremos que o negro, na maioria das vezes, é apresentado aos alunos e as alunas unicamente como escravo – sem passado, sem história – exercendo somente algumas influências na formação da sociedade brasileira. Numa outra face desse mesmo procedimento, o negro, quando liberto, é apresentado como marginal, desdobrando-se na figura do “malandro”. Essa postura reforça o estereótipo do não-lugar social imposto.”

domingo, maio 02, 2010

Família, Alunos e Escola

Há duas semanas realizamos o Dia da Família na Escola. Os pais foram convidados a uma atividade onde foi possível conhecê-los um pouco mais. Alguns pais estão mais presentes no dia-a-dia da escola, fazem perguntas, trocam idéias, acompanham seus filhos quer sejam chamados ou não. Este momento serviu para aproximar um pouco mais aqueles que nem sempre tem tempo ou não tiveram oportunidade de conhecer as professoras de seus alunos. Sábado à tarde, um dia bem produtivo e agradável, creio que para ambas as partes. A família de meus alunos pode conhecer um pouco mais sobre a escola de seus filhos e nós um pouco mais a eles.
Na semana passada foi a vez de meus alunos conhecerem sua escola. Uma saída de campo dentro dos muros da escola. Saindo da sala e conhecendo todos os setores e funcionários que compõem o microcosmo do Jango. Descobriram o nome dos funcionários, suas funções, entraram em salas que normalmente não entram como a sala do diretor e da cozinha. Foi um passeio divertido e construtivo. Muitos habituados somente a sala de aula, ao refeitório e ao banheiro da escola, puderam ver outros ambientes e pessoas. A receptividade dos funcionários e a integração entre os alunos trouxeram alegria, curiosidade e aprendizado.
Ambas as atividades, entre pais e alunos serviu para transpor as barreiras que existem entre o lar e a escola. Se a escola é o segundo lar, porque não conhecê-la melhor? A identidade começa por se descobrir, quem são as pessoas a nossa volta e que fazem parte de nossa trajetória.

quarta-feira, abril 21, 2010

Contando histórias


Aproveitando o oportuno comentário da tutora Maura, faço uma reflexão sobre o meu estágio que está disponível no Pbwork, para os colegas que quiserem ler.
Deixo aqui a dica de leitura para todos do livro Catando Piolho, Contando Histórias, de Daniel Munduruku. E para os que desejarem segue o link para baixar o audiobook. Um excelente contador de histórias.

terça-feira, abril 13, 2010

Invisíveis



Lembro de uma placa em uma obra municipal há muitos anos, dizia algo parecido com: Estamos investindo onde você não vê. Tratava-se da ampliação da rede de água e esgoto. Por estar escondida dos olhos da população tal obra poderia passar despercebida. Investimento público tem que aparecer. Quanto mais vistoso melhor. Por isso, que muitos governantes gostam tanto de inaugurar estradas e viadutos. Investir em saúde e educação não dá tanta mídia. Poderíamos até dizer que não investir na segurança possa ser um pouco mais complicado, não por dar manchetes no jornal, mas por poder afetar o interesse de cidadãos de bem (leia-se cidadãos de bens). Quanto à saúde e educação, quem utiliza o SUS? Quem estuda em escolas públicas? A população que mais necessita desses serviços tem dificuldade até de saber quem deveria zelar por eles. É de responsabilidade do município, do estado ou da união? Governantes valem-se desta dúvida para empurrar a culpa a outrem.
Sempre houve filas nas portas de hospitais e postos de saúde. A população sempre morreu de causas nem tão desconhecidas assim: falta de atendimento médico, por exemplo. Filas de espera por cirurgias não aparecem, não são notadas. Ninguém quer precisar de médicos mesmo. A saúde? Vai bem, obrigado!
Um anúncio de aumento do salário dos professores cai bem nos ouvidos da massa, mesmo que o aumento seja insignificante e parcelado. Afinal, somente o magistério sabe há quanto tempo está sem ter os seus salários reajustados. Alunos continuam a serem matriculados, a freqüentarem as aulas, a se formarem. Quem está interessado na qualidade do ensino? Aqueles que se importam procuram complementar os estudos dos seus filhos do jeito que podem, a grande maioria dá graças a Deus que conseguiram o diploma de conclusão. Aprender nunca se aprendeu mesmo. O importante é o reconhecimento, quer seja num diploma vazio ou em um anúncio estrondoso maior que a realidade no contra cheque.
Na conjuntura mundial, estar empregado é tão importante quanto o salário que se ganha. Sempre existiram profissionais para trabalhar no lugar dos descontentes. O que não se vê é o impacto que o descaso causa nas pessoas. Quantos professores você conhece que tomam Fluoxetina? Como vai a qualidade de nosso ensino? Certamente há estudos que comprovam que tudo vai bem. Nunca falta dinheiro para gerar quadros estatísticos. Os professores é que são loucos, é por isso que tomam antidepressivos. Se nosso país vai bem com tanta roubalheira, com tanto abandono, com todo este mau gerenciamento, imagine como não estaríamos com o governo investindo massivamente em educação. Nossos profissionais em educação mostram toda sua competência tendo que enfrentar tanto mau tempo pela frente. Mesmo sendo invisíveis na maioria das vezes, sempre haverá um professor que será lembrado por seus alunos.

quinta-feira, abril 08, 2010

Quem cuidará de nossas crianças?




Quando vejo o desempenho de alguns alunos fico pensando se não há algo errado. Quanta dificuldade. Muitas herdadas, o
utras passadas adiante, outras ignoradas. Alunos chegando a um terceiro ano, sem saber ler ou escrever. E, em nome de programas governamentais são “incentivados” a passarem de ano. Crianças com problemas comportamentais sérios. Mal educadas em todos os sentidos. Desinteressadas e criadas com desleixo. Parece que não existem mais pais, que os professores desistiram de acreditar na educação transformadora, que os educadores acham que a responsabilidade é dos governantes. Vivemos uma nova era. A informática facilitou muita coisa, e parece que não a aproveitamos. Os jogos eletrônicos deveriam servir para desenvolver o raciocínio, o aprendizado, a lógica e percepção dos jovens e crianças. Mas o que vemos é o incentivo a violência, o ócio, a indolência, o isolamento. Os “torpedos”, as salas de chat, os jogos em grupo pela rede, em vez de incentivarem a escrever e ler, tornam-se portas para os vícios de escrita e linguagem. A televisão emburrece, o apelo sexual é mais forte que o educacional. Culpa dos nossos filhos, ou dos pais que criam os hábitos que vão ser copiados. Hoje em dia não existe mais a desculpa de que não se lê porque os livros são caros. Continuam caros sim, mas se gasta mais tomando cerveja num final de semana, do que comprando um livro que pode passar de mão em mão. Tem mais gente nas filas de cinema que nas bibliotecas. Pais que são vistos lendo certamente incentivam os filhos a leitura. Mas no final das contas quem é o culpado? A pergunta aqui deveria ser outra: - Como vamos encontrar uma solução? Os pais devem ser chamados a participarem da educação de seus filhos, partindo de sua própria. O simples ato de desligar a televisão por uma hora e dedicarem-se a leitura de um livro incentiva a criança a aprender a ler. Desperta a curiosidade do jovem. Por que se pode ter prazer com um bom livro? Certas coisas deveriam vir de berço. Ensinar a respeitar os outros, a ser gentil, a cuidar de sua higiene, a ser civilizado, a conservar o patrimônio público e alheio, a não matar, não roubar, não soquear os colegas. E todos tantos outros "NÃOS", que são necessários à nossa educação, impor limites também é educar. "Quem ama educa!" E quem educa também deveria aprender a amar um pouco mais. Aprender com a incapacidade de uma sociedade de educar seus filhos e tentar dar o melhor de si. Mesmo sabendo que talvez, nem pais, muito menos nossos governantes estejam interessados nisso.