domingo, dezembro 16, 2007

Ensaio da apresentação de Natal

Nas últimas semanas estamos, eu e meus alunos da quarta série, ensaiando um teatro para a apresentação de Natal da escola e a música Boas Festas, de Assis Valente.
Desde a atividade da disciplina de teatro que estou tendo muitas surpresas com meus alunos, e com essa peça teatral, chamada "O Natal Feliz de Joaninha", as surpresas só aumentaram, descobri crianças que simplesmente nasceram para interpretar. Fiquei surpresa com isso, com uma aluna em especial, que estava sem vontade nenhuma de estudar, passando por problemas terríveis na sua casa, que só depois vim a descobrir. Essa menina se encontrou no teatro, encontrou uma maneira de se expressar, de sair daquela depressão em que estava.
Sempre amei fazer teatro, já havia feito algumas vezes na sala de aula, mas nunca com um respaldo teórico e penso que isso fez a diferença.
Com todos os ótimos resultados que obtive esse ano penso em nunca mais deixar fora da sala de aula essa arte!

quarta-feira, dezembro 05, 2007

Nota Azul


A música surge nas nossas vidas de maneira tão genuína, que não nos damos conta, como diz no texto “De quem é a música”, escutamos desde a metade da gestação. Já lá na primeira morada escutamos o dum-dum-bati-cum-dum do coração de nossa mãe. Por mais alguns meses essa será a trilha sonora da nossa vida.
Ouvir é um ato mais intrínseco do que enxergar, podemos cobrir os olhos, fecha-los e deixar de ver, mas não conseguimos deixar de escutar sequer por um minuto.
Na aula presencial exploramos o ritmo. Cantamos “Escravos de Jô” e representamos a canção com os nossos corpos, através dos nossos corpos procuramos encontrar o ritmo, a cadência perfeita entre corpo e canção.
Depois transformamos uma poesia em música. Achei a atividade deliciosa, inteligente e transformadora, não apenas pelo fato de transformar poesia em canção, mas em transformar pessoas comuns, professores, no caso, em compositores.
Cantar também é recordar e essa também foi uma das atividades da nossa aula prática. Deliciosamente cumprida, lembrei das manhãs de domingo, as quais eu sempre acordava com o som de algum LP do meu tio a tocar. E ele tinha muitos e variados bonachões negros. Lembro do Chitãozinho e Xororó novinhos, cabelos compridos, rapidinho virou moda. Eles catavam “A Majestade o Sabiá”. E Bezerra da Silva, o eterno malandro, apertando, mas deixando pra acender depois. Eu cantava, mas não entendia, muitos anos se passaram e só depois vim, a saber, o que aquele senhor de setenta e poucos anos tanto apertava.
“Entre tapas e beijos” entrei na pré-adolescência, começava aí minhas histórias de amor. Em mil novecentos e noventa e um, num dia ensolarado de inverno fui passear em Gramado com minha turma da escola, e com o hit “Não olhe assim” tive minha primeira história de amor. Não passaram de olhares e rostos corados, mas pra uma guria de doze anos isso já dá pano pra muita conversa e tititi.
Aos quatorze anos comecei a querer protestar, uns dos primeiros protestos, Lôraburra. Indignei-me com a "In(Dig)Nação" do Skank. Virei fã de carteirinha dos caras. Ritmo, rima e muito que dizer, era isso que esses mineiros tinham. Fui ao morro da mangueira com eles e com a Jackie, pedi esmola, pedi emprego, protestando ao Brasil. Revivi os hit’s de meus pais com “É proibido fumar”. “Te ver e não te querer, é improvável é impossível” ou será ouvir?
Aos quinze, bailei o Danúbio Azul, ensaiando para o dia D virar mocinha, escolhi Kenny G e seu saxofone para introduzir-me à sociedade. Por que Kenny G e seu saxofone? Porque eles são mágicos e fizeram-me molhar os lençóis de tanto chorar com o filme “Tudo por Amor”. Troquei o sax do Kenny G pelo do George Israel, não perdia um show do Kid Abelha, “humm eu quero você como eu quero”.
“Com passos de formiga”, mas com muita vontade segui. Chorei por amores febris com a voz suave da ex-integrante do Trem da Alegria, Patrícia, que havia virado Max. Então descobri “Malandragem”, Cássia Eller, encantava todo mundo com seu jeito rebelde-carente, parecido com aquele moleque da década anterior, poeta cosmopolita, “Exagerado”. Ariano e carente, como eu. Agenor de Miranda Araújo Neto, mais conhecido como Cazuza, apelido que herdou do avô assim que nasceu. Esse cara não poderia faltar. Lembro da primeira vez que o vi, tinha meus nove anos, orelhas de Mickey clamavam por “Ideologia”. Depois pediu pro Brasil mostrar a cara! Falou da doença, emagreceu, mas nunca perdeu o brilho, aquele olhar maroto que mesmo com tanto rebeldia não deixava de aparecer. Não posso dizer que deixou uma legião de órfãos, porque era jovem demais, mas certamente deixou muitos irmãos caçulas e mais velhos com muita saudade. Ainda bem que a música é imortal!
“É tão estranho, os bons morrem jovens, assim parece ser quando me lembro de você”, um tempo depois Renato Russo partiu. Onze de outubro de mil novecentos e noventa e seis, saída do colégio. Rumar para casa. No caminho escutei alguns hit’s da Legião. Cheguei em casa correndo, liguei o rádio e BUM. Aquela notícia atingiu-me como um tiro de fuzil: Renato Russo morreu. “Parece cocaína, mas é só tristeza”. E assim como João Roberto, eu só tinha dezesseis, era difícil aceitar. É difícil perder, ainda mais nessa idade, ainda mais pra essa tal de SIDA, que levava nos braços mais um dos meus heróis. Não foi overdose, meus heróis morreram com AIDS.
“E aquele adeus não pude dar. Você marcou em minha vida. Viveu, morreu na minha história”. Arte é interessante, porque artista é visionário. Tem artistas que morreram antes do nosso nascimento e mesmo assim marcam a nossa vida. Música ultrapassa fronteiras, não liga pra idioma. A música é como uma Torre de Babel, não precisa conhecer o idioma pra entender seu significado. Não sei ao certo quando conheci Elis, quem sabe não foi no útero materno. A Pimentinha! Pimentinha nada, malagueta das mais “quentes”, como diriam os baianos. Amo a voz da Elis, emociono-me até um último fio de cabelo. A Elis não tinha só voz, tinha personalidade, irreverência, ela era uma mulher a frente da sua época, como toda artista. Cantava com a alma e se entregava por completo, uma artista completa, técnica e sentimento personificado numa mulher de pouco mais de um metro e meio. “A esperança equilibrista sabe que o show de todo artista tem que continuar”, faz vinte e cinco anos que ela partiu. Não está mais fisicamente entre nós, mas continua nos ensinando que “viver é melhor que sonhar”.
Nem só de hit’s musicais vive a música, existem os jingles. “Pipoca e guaraná que programa legal, só eu e você que sede que dá...” Antártica! Pipoca, nada, eu quero chocolate! “Chocolate, chocolate, eu só quero choco...late! Não adianta vir com guaraná pra mim é chocolate o que eu quero beber.” Assim cantava Tim Maia, o síndico mais famoso do Brasil. A forte influência do soul na música, o ritmo contagiante, durante os anos setenta sacudia as pistas na geração Disco. Ainda hoje suas músicas fazem sucesso. “A semana inteira fiquei esperando pra te ver sorrindo, pra te ver cantando”. Como não cheguei a tempo pra dançar na Disco com o Tim, resolvi dançar ao som da “Colombina”, com seu sobrinho Ed Motta. O mesmo swing, a mesma voz rouca e grave, mas com uma pitada de responsabilidade ao bel prazer da arte.
“Por ser exato, o amor não cabe em si, por ser encantado, o amor revela-se, por ser amor invade e fim.” O amor me invadiu, tomou conta de todo meu corpo, preencheu minh’alma, e transbordou. Djavan me inspirou a escolher essa música para o ser o tema de uma história de amor que eu não tinha. Escolhi, intitulei, e quando menos esperava entrei o amor num dos lugares pouco prováveis. Estava eu numa sala de bate-papo do Terra, com o nick SuavePétal@, quando conheci o mau_22. Batemos papo, trocamos icq, batemos mais papo, marcamos encontro, nos desencontramos, papo vai papo vem, e bem, imaginem o que aconteceu... Numa bela noite de julho, o mau_22, cantou pra mim assim: “Um amor tão puro que ainda nem sabe a força que tem é teu e deu mais ninguém. Te adoro em tudo, tudo, tudo quero mais que tudo, tudo, tudo.Te amar sem limites viver uma grande história.” Essa história dura até hoje, houve um rompimento de três anos, mas ainda assim o amor resistiu e resisti até hoje. Salve Djavan!
Música é vida, vivemos cercados por ela, “mais do que a possibilidade de escutá-la a música nos permite sentir que somos escutados, em um ponto onde a mensagem do outro se torna nossa própria palavra”, porque sempre existirá uma canção que se encaixa perfeitamente naquele momento em que estamos vivendo. Nós, como atores e diretores do nosso longa metragem, estamos sempre selecionando novos hit’s e voltando a fita daquelas músicas que embalaram nossos sonhos, frustrações, medos, vitórias, enfim, estamos o tempo todo construindo uma trilha musical pra história da nossa vida.
A música é minha. A música é nossa. Porque o artista quando arranca do seu ser a música doa pra humanidade. Pra que façamos dela, nossa. Todo artista procura em cada música a “nota azul”, quanto mais ela se aproximar de nós, melhor ela será.
A música é uma cidadã universal, que tem direitos autorais, o artista a compõe e a atira no mundo. Desejando que muitos a desejem. Assim como as mães, que dão a luz aos filhos com dor e prazer. Assim como diz o poeta da Tropicália, “cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”, a mãe da criança ou o pai da arte conhecem a dor de concebê-la, mas sabem que o resultado é saboroso. Vale o esforço, vale a dor. Viva a música, a arte da vida!

terça-feira, dezembro 04, 2007

Nosso amigo Assis


Semana passada realizei com a minha turminha de 4ª série a atividade da Música Popular Brasileira. Trabalhamos com o ilustríssimo Assis Valente. Que história de vida! Cantamos, batemos palmas, pés e sacudimos o corpo todo à procura da "batida perfeita". Rimos, descontraímos e desestressamos geral.

Essa atividade foi parecida com a do teatro, a qual deu origem ao Inventário Criativo, utilizamos bastante o corpo e a expressão vocal.

Todos os anos a nossa escola realiza uma grande apresentação de Natal. E como nossos dois trabalhos foram muito significantes, não conseguimos escolher apenas um, resolvemos apresentar uma peça teatral e a música do Assis Valente, que tem tudo a ver com a nossa peça. Estamos no maior ritmo de ensaios e pensando no figurino.

Está ficando bem bacana, desejem-nos MERDA!