quarta-feira, maio 19, 2010

Conhecendo o aluno

Numa educação utópica por mim idealizada, seria iniciar com o mesmo grupo de alunos desde os primeiros anos até o fim do ensino fundamental. Assim os alunos conheceriam melhor o seu grupo e a sua professora. Tal projeto, bom ou mau, seria impraticável por vários motivos. Minha proposta pedagógica em meu estágio é trabalhar com a identidade de meus alunos. Que eles sejam capazes de conhecerem um pouco mais de si mesmos e da realidade que os cercam, que sejam capazes de identificar os traços culturais que cada um possui e a valorizar suas características e diversidades. Mesmo que nem uma das muitas crianças que compõem o universo desta sala de aula volte a encontrar-se novamente, espero que possam ter sua auto estima valorizada e que saibam reconhecer e respeitar as diferenças ou semelhanças, culturais que elas e seus colegas trouxeram para o aprendizado deste ano. E a cada nova turma como professora, sempre procurarei conhecer um pouco mais sobre meus alunos, apesar de demandar tempo e paciência. Cito um trecho extraído do livro “Os Aprendizes do Aprender” de Lourdes Rodrigues:
“Em Paulo Freire, a realização de pesquisa de campo inicial pretende a integração dos grupos e levantamento dos seus interesses, valores, conhecimentos e modo de viver, permitindo que as pessoas se tornem conhecidas sem intimidação ou distanciamento.
A fase inicial do trabalho educativo consiste em conhecer a realidade dos educandos, valorizando os significados culturais do meio e estimulando novos conhecimentos.

Paulo Freire propõe a busca constante de encontrar formas alternativas para o desenvolvimento geral do educando. Para que isso ocorra é necessário um planejamento bem estruturado com os educadores e com o máximo de informações sobre o universo do grupo de educandos, que direciona a educação para a valorização da cultura do individuo e do grupo e a compreensão de seus conhecimentos já existentes. (pág. 88)

sábado, maio 15, 2010

Conceitos Prévios

Ao longo do curso, e de minha prática pedagógica, preocupei-me com as questões de discriminações raciais e como lidar com isto em sala de aula. Já havia refletido sobre o assunto algumas vezes aqui em meu blog. Agora em meu estágio ao trabalhar com a construção da identidade de meus alunos os mesmos velhos problemas vem à tona. Como trabalhar a questão étnico-racial num país onde a grande maioria tem vergonha de identificarem-se como negros ou índios? Valorizar a auto-estima de cada um independentemente de sua “pseudo raça”, cor ou religião continua sendo um desafio. E me sinto gratificada cada vez que ajudo a diminuir as diferenças, ou valorizá-las. O que seria do verde se todos gostassem do amarelo? Não gostaria de viver num mundo onde todos vestissem a mesma cor e lamento que tenha tantas pessoas “daltônicas” por aí.
Retiro um texto do livro Kulé Kulé, educação e identidade negra, editado pela Univerdade Federal de Alagoas, diz o parágrafo da página 14, escrito por Nilma Lino Gomes:

“Não é fácil construir uma identidade negra positive convivendo e vivendo num imaginário pedagógico que olha, vê e trata os negros e sua cultura de maneira desigual. Muitas vezes, os alunos e as alunas negras são vistas como “excluídos”, como alguém que, devido ao seu meio sociocultural e ao seu pertencimento étnico/racial, já carrega congenitamente alguma “dificuldade” de aprendizagem e uma tendência a “desvios” de comportamento, como rebeldia, indisciplina, agressividade e violência. Essas concepções e essas práticas pedagógicas, repletas de valores e representações negativas sobre o negro, resultam, muitas vezes, na introjeção do fracasso e na exteriorização do mesmo pelos alunos e alunas, expresso numa relação de animosidade com a escola e com o que muitos/as aluno/as introjetem o racismo e o preconceito racial.
Essa perspectiva, que prima pela exclusão e trata as diferenças como deficiências, transforma as desigualdades raciais, construídas o decorrer da história, nas relações políticas e sociais, em naturalizações. As desigualdades construídas socialmente passam a ser consideradas como características próprias do negro e da negra. Dessa maneira, um povo cuja história faz parte da nossa formação cultural, social e histórica, passa a ser visto através dos mais variados estereótipos. Ser negro torna-se um estigma. Se passarmos em revista vários currículos do ensino fundamental e médio, veremos que o negro, na maioria das vezes, é apresentado aos alunos e as alunas unicamente como escravo – sem passado, sem história – exercendo somente algumas influências na formação da sociedade brasileira. Numa outra face desse mesmo procedimento, o negro, quando liberto, é apresentado como marginal, desdobrando-se na figura do “malandro”. Essa postura reforça o estereótipo do não-lugar social imposto.”

domingo, maio 02, 2010

Família, Alunos e Escola

Há duas semanas realizamos o Dia da Família na Escola. Os pais foram convidados a uma atividade onde foi possível conhecê-los um pouco mais. Alguns pais estão mais presentes no dia-a-dia da escola, fazem perguntas, trocam idéias, acompanham seus filhos quer sejam chamados ou não. Este momento serviu para aproximar um pouco mais aqueles que nem sempre tem tempo ou não tiveram oportunidade de conhecer as professoras de seus alunos. Sábado à tarde, um dia bem produtivo e agradável, creio que para ambas as partes. A família de meus alunos pode conhecer um pouco mais sobre a escola de seus filhos e nós um pouco mais a eles.
Na semana passada foi a vez de meus alunos conhecerem sua escola. Uma saída de campo dentro dos muros da escola. Saindo da sala e conhecendo todos os setores e funcionários que compõem o microcosmo do Jango. Descobriram o nome dos funcionários, suas funções, entraram em salas que normalmente não entram como a sala do diretor e da cozinha. Foi um passeio divertido e construtivo. Muitos habituados somente a sala de aula, ao refeitório e ao banheiro da escola, puderam ver outros ambientes e pessoas. A receptividade dos funcionários e a integração entre os alunos trouxeram alegria, curiosidade e aprendizado.
Ambas as atividades, entre pais e alunos serviu para transpor as barreiras que existem entre o lar e a escola. Se a escola é o segundo lar, porque não conhecê-la melhor? A identidade começa por se descobrir, quem são as pessoas a nossa volta e que fazem parte de nossa trajetória.