terça-feira, dezembro 08, 2009

Crescer é preciso… com arte, melhor ainda!!!

Vinte e sete de novembro, dez horas e trinta minutos, tá na hora de Crescendo com Arte, projeto do Teatro do SESI, que convida os alunos, gratuitamente, a entrarem num mundo mágico e encantador. O espetáculo da vez foi o balé “Quebra-Nozes”, de Tchaikovsky, produzido e encenado pelo Ballet Vera Bublitz.
Os alunos adoraram, os seus olhos brilhantes e curiosos não perderam um minuto do espetáculo. Balés nos dias de hoje são coisas raras, e eles souberam aproveitar e dar valor a apresentação. Não foi a primeira vez que sai com eles, o comportamento e o retorno como sempre foram recompensadores. É sempre uma satisfação poder proporcionar aos meus alunos momentos culturais como esses, que dificilmente teriam acesso. Eu própria não gostaria de pagar R$ 100, 00 pelo ingresso, não que não valesse à pena. A cultura nesse país parece sempre ser tão cara. Ou será que é o nosso padrão de vida que não nos permite usufruir dela?
Enfim, que bom que podemos estar presentes neste grande balé, tão tradicional, em outros países, no período de Natal. Minhas crianças puderam apreciá-lo não somente através da televisão, como é comum nos especiais de final-de-ano.


domingo, novembro 29, 2009

terça-feira, novembro 24, 2009

O Leitor



Estava navegando pela internet e entrei num blog que recomendava o filme “O leitor”. Segundo a autora o filme fora recomendado por seu professor e ela gostará muito. Como o filme tratava do tema linguagem, resolvi conferir mais de perto. Um resumo muito rápido do filme diria mais ou menos o seguinte: A história conta a vida de um jovem adolescente que tem um envolvimento com uma mulher já madura. Antes de fazerem amor a mulher sempre pede que ele leia para ela. Entre livros e muito sexo os dois vivem um grande romance. Os dois separam-se e ele só vai saber dela anos mais tarde, mas não vou contar o final. A única coisa que vou revelar é algo que parece óbvio desde o inicio: a mulher não sabe ler. E é devido a esta condição que justifica-se determinadas atitudes por sua parte. A vergonha de quem não sabe ler está bem marcada em sua vida. O resto do enredo fica somente na promessa, no meu ponto de vista: não acontece, não desenvolve. Ao contrário da bloggueira, não gostei e não recomendo. Mas porque falar de um filme que não gostei? Porque ele fala muito sobre linguagem, não somente sobre a mais óbvia, sobre as mazelas do analfabetismo, mas também sobre a linguagem cinematográfica. É um filme lento, arrastado, cujo suspense fica apenas suspenso, não tem clímax, não tem um epílogo. O personagem principal não toma nenhuma posição, parece estar sempre em cima do muro, diga-se de passagem, como o próprio filme. A mulher não deixa claro estar arrependida ou não. Seu passado poderia gerar uma excelente discussão, assim como a visão da sociedade da época, mas o filme não toca a fundo no assunto. O enredo não justifica o sofrimento e as frustrações de seus protagonistas. Esta é a minha visão sobre o filme, o que não quer dizer que não seja um bom filme, mas nunca o recomendaria. A sétima arte tem dessas coisas, alguns filmes são amados ou odiados, outros nem tanto. Salvo a excelente atuação do casal principal ( Oscar de Melhor Atriz ), poderia entrar em detalhes sobre algumas cenas para dizer o que vi de errado, mas ai teria que contar o filme e tiraria a curiosidade de descobrir aonde o enredo quer chegar, se é que chega.

sexta-feira, novembro 20, 2009

A Grande Viagem

José tinha cinquenta e cinco anos. Nasceu em São Borja, ali vivia e havia de morrer. Homem simples do interior nunca saíra de seu rancho. Uma vez fora à capital, coisa linda de se ver, mas ficou perdido naquele mar de gente. Dava medo! - dizia aos vizinhos. Zé amava sua terra, mas ouvia falar do mundo e queria conhecê-lo. Não era nenhum guri, porém, coragem não lhe faltava, haveria de conseguir. Se qualquer piá podia, porque ele, índio velho e calejado pela vida não tentava? Estava prestes a terminar sua primeira grande viagem. Escolheu logo de cara dar um passo longo, nada de coisa de jardim de infância, que tamanho nunca lhe dera medo. Para quem nunca sequer deixara o estado, dar a volta ao mundo foi um feito e tanto. FIM, o primeiro de muitos, fechou o livro. Estava terminado, na capa destacava-se o título: A viagem ao mundo em 80 dias.

Esta história é fictícia, mas se repete todos os dias nas diversas salas da EJA espalhados por aí. Ainda existem muitos Josés querendo aprender a ler, almejando um mundo que até então lhes é vedado. A alfabetização é apenas a primeira “viagem” nos caminhos da aprendizagem. E ainda existem muitos viajantes e praias a serem descobertas, e é com o mesmo orgulho do Zé que faço parte deste processo.

domingo, novembro 08, 2009

Tholl, Imagem e Sonho

Para tornarmos nossos sonhos realidade é preciso um pouco de esforço e muita imaginação. Esforços reunidos, sonho concretizado. Aquilo que parecia tão longe finalmente tomou forma... e cor... e imagem. Tínhamos agora, a possibilidade de levar um grande grupo ao teatro. O ônibus, depois de muita negociação e outras procuras, foi fornecido com verba da escola. Projeto em mãos, verba liberada, ingressos comprados. O sonho toma forma. O título do espetáculo já diz tudo THOLL, IMAGEM E SONHO, um sonho compartilhado e realizado. Curtam agora um vídeo com os melhores momentos dessa linda aventura.


sexta-feira, novembro 06, 2009

Trocam-se caixinhas por ingressos

Com um sonho na cabeça, a dura realidade nos dizia:
- Precisamos do dinheiro para os ingressos.
Alguns conseguiram com os pais e parentes, a outros cujas finanças não lhes permitiu, permaneciam as esperanças. Tive a feliz idéia de confeccionar caixinhas artesanais de MDF, para vendê-las e assim adquirir mais alguns ingressos. Mãos a obra, ou as tintas, foram feitas doze caixinhas que poderiam ser “trocadas” por ingressos. Agora, faltavam os compradores. Nossa campanha tomava o rumo certo! Graças à colaboração de amigos. Pois quem mais que nossos amigos, para nos fazerem acreditar e nos apoiarem? Por isso, não devemos nunca esquecer de agradecer a nossos amigos e os familiares. Fiz um pequeno vídeo com as caixinhas, cada caixinha representa um ingresso, cada ingresso representa um “padrinho” ou “madrinha”, cada ingresso representa um sorriso de uma criança feliz.

sábado, outubro 31, 2009

O diário de um sonho
















Já dizia Raulzito: “Um sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é realidade”, pois eu tive um sonho e resolvi compartilhá-lo para realizá-lo. Há anos que sou fã do Grupo Tholl, apaixonada de carteirinha pela sua arte, por suas cores e coreografias. Desde a primeira vez que vi sua apresentação, me vi como uma criança que deslumbrasse ao ver pela primeira vez o palhaço do circo. Mordida pela magia do Tholl quis dividir esse momento com meus alunos. Mas como levar um grupo de alunos em um espetáculo pago e longe da escola? Plantei a sementinha do desejo em meus alunos. Restava agora correr atrás da verba para o ingresso e de um meio de transporte, onde todos pudessem ir.

terça-feira, outubro 20, 2009

A Estrada dos Tijolos Amarelos



Tudo que vemos, ouvimos ou lemos serve para aprender e refletir. Pois nestas idas e vindas acabei por ver O mágico de Oz. O que aprendi? Que não devemos fugir de casa num dia de vendaval, mas uma curiosidade leva a outra. Aprendemos por caminhos estranhos. Descobri que o leãozinho símbolo do instituto do câncer infantil é inspirado no Mágico de Oz. Porque o leão? Porque para enfrentar o câncer é preciso coragem. A estrada dos tijolinhos amarelos foi feita com doações para a construção do Instituto. Não foi preciso O Mágico de Oz, intervir, bastou a solidariedade e o esforço da sociedade. Não é só nas horas difíceis que precisamos de coragem. Precisamos ter em mente que todos somos meios leões, meio espantalhos ou homens de lata. É preciso agir, hora com o cérebro, hora com o coração e não ter medo de errar. É preciso seguir sempre em frente. No filme, ao dirigir-se rumo à Cidade das Esmeraldas, a menina, Dorothy, parte do início da estrada dos tijolinhos amarelos. Uma longa jornada sempre deve ter um começo, e é vencida passo a passo. Assim é o saber, das primeiras letras a faculdade, um longo caminho. E quando chegamos ao fim descobrimos que felizmente existem várias outras estradas, que podem ser seguidas e que nos levam a outros a outros horizontes. A onde você quer ir? É só escolher uma das estradas e dar o primeiro passo.

sexta-feira, outubro 16, 2009

Professora e Aluna, fazendo milagres


“Belos dias como estes, fazem o coração bater ao compasso de uma musica que nenhum silêncio poderá destruir. É maravilhoso ter ouvidos e olhos na alma. Isto completa a glória de viver”.
Helen Keller



Recentemente vi o filme “O milagre de Anne Sullivan”, nem é preciso dizer que adorei o filme. Gostei tanto que resolvi compartilhar essa experiência através do meu blog. O filme que vi foi uma versão de 1962, e descobri que teve uma versão mais recente feita para a televisão, neste inclusive segundo me contaram aparece a verdadeira Helen Keller (no final do filme, através de arquivos pessoais e documentais da época em que vivera). Não parei no filme e fiz uma breve pesquisa a respeito de Helen Keller. O filme foi baseado na história da vida de Helen Keller (1880-1968). Esta incrível mulher ficou cega e surda com poucos meses de vida. Segundo conta o filme vivia quase como uma selvagem por não poder comunicar-se com a família. Anne Sullivan, que passou a ser sua professora e companheira até morrer em 1936, é contratada com a dura missão de ensinar algo a pequena Helen, pouco antes dela completar os sete anos de idade. No filme Anne passa uns maus bocados para tentar ensinar um pouco de civilidade a mimada e esperta Hellen. Por fim acontece o “milagre” e Helen passa a associar as palavras soletradas por gestos em sua mão e consegue descobrir o véu da ignorância que a cercava. Helen nunca conseguiu ver, pelo menos como nos, mas a partir de então nada mais a impediu de ser um ser humano pleno. Aprendeu a falar, e não só o inglês, mas também francês, latim e alemão. Aprendeu a ler e escrever, e escreveu muito, tendo diversos livros editados. Formou-se em filosofia e fez conferências pelo mundo afora, inclusive no Brasil, onde esteve em 1953 quando foi homenageada pelo governo brasileiro. O seu livro “a história de minha vida”, virou uma peça, que virou um filme, que está agora no meu blogger. Helen Keller estava viva quando filmaram a primeira versão cinematográfica. Só veio a falecer em 1968. Com o titulo original Miracle Worker, cuja tradução não saberia dizer, pois junta as palavras milagre e trabalhador (O milagre trabalhado?), mas que foi traduzido para o Brasil como “O milagre de Anne Sullivan” e para Portugal como “O Milagre de Helen Keller”. E é justamente a partir deste título que faço minha reflexão. Segundo uma concepção construtivista o título mais adequado seria “O milagre de Helen Keller”, pois o conhecimento que teria levado a menina a falar teria partido dela própria. Somente a partir do conceito de água que a aluna trouxe é que foi possível dar significado aos sinais (significado) que a professora lhe apresentou. O conhecimento parte do aluno, o professor apenas facilitou o seu aprendizado. Porém, o título brasileiro faz uma justa homenagem ao esforço e dedicação da professora Anne, apesar de utilizar métodos pouco aconselháveis para os dias de hoje. Recomendo este filme, pois é muito lindo e emocionante, mais que isso, a história da vida de Helen Keller é um exemplo de coragem, persistência, fé e amor a vida. Ainda quero ver as versões de 1979 e a de 2000 ( da Disney )! Vale a pena ver esse filme e descobrir um pouco mais dessa mulher, que foi uma das grandes personalidades do século passado.

segunda-feira, outubro 12, 2009

Ajudando a ouvir



Neste semestre, estamos aprendendo LIBRAS e ao longo de nosso curso estamos aprendendo a trabalhar com alunos que possuem diferentes tipos de necessidades especiais. Nos últimos dias, me dei conta de quanto uma simples informação ou ferramenta pode facilitar a vida dessas pessoas. A linguagem de sinais é inegável como uma ferramenta que permite as pessoas surdas se comunicarem e interagirem com o meio, mas oque me levou a escrever foram duas coisas que utilizo e que podem facilitar a vida de deficientes visuais. Um deles é o programa Text Aloud. Este software transforma qualquer texto escrito em som. Seja ele “.txt”, “.doc” ou “.pdf”, é possível escutá-lo através de uma narração em português perfeitamente audível e inteligível. É possível através dele gerar um arquivo de som tipo “wave” ou “mp3”. Talvez estas siglas sejam tão complicadas para você quanto eram para mim. Precisei de um pouco de ajuda para poder expressar oque queria dizer. Resumindo é possível pegar um texto escrito e escutá-lo a qualquer momento e em qualquer lugar. Se facilita a minha vida, imagine a vida de um deficiente visual. Desta maneira, todo e qualquer livro está disponível para quem os quiser escutar. Além dos milhares e E-Books, já disponíveis, é possível digitalizar aqueles que ainda faltam. Democratiza-se assim o conhecimento. O outro recurso que gostaria de mencionar é o celular da Motorola, ZN5. Este aparelho permite navegar por todos os seus menus através de uma voz sintética, um tanto parecida com a do Text Aloud, que permite ao usuário saber exatamente oque está fazendo sem ao menos enxergar a tela. Se antes não era possível a um deficiente visual ler seus torpedos, agora o Motorola ZN5, faz a sua leitura. Para mim, não representa nenhuma utilidade especial, mas divulgar esta e outras tecnologias certamente serão notícias bem-vindas àqueles que delas necessitam. Às vezes, um pouco de empatia e informação pode facilitar a vida de outros.

sexta-feira, outubro 09, 2009

Um estrangeiro em uma terra estranha


Como você se sentiria sendo um estrangeiro em uma terra estranha? Um país onde ninguém falasse a sua língua e você não entendesse nada desta língua, costumes ou qualquer uma de suas simbolizações? Se você não entendesse nem sequer um simples sinal de trânsito ou a indicação de banheiro feminino e masculino? Que terra estranha e difícil de viver, você poderia até sentir-se mal, mas como acha que seria tratado? Por aqueles que vivessem neste mundo. Por analogia podemos dizer que esse é o mundo de Jonas. No filme "O nome dele é Jonas", o garoto não compreende a grande maioria das coisas que passam a sua volta. E por sua vez, não se faz compreender. As portas da comunicação estão chegadas, nem todo o amor de sua mãe lhe permite aproximar-se do filho. A sociedade, inclusive seu próprio pai, já não possuem a mesma paciência e interesse em tentar compreender Jonas. A primeira escola, a qual passa a frequentar não lhe dá suporte para decifrar a linguagem deste mundo que o cerca. Jonas é o estranho numa terra estranha. Se você fizesse um exercício de mentalização colocando-se como este estrangeiro, do qual me referia, talvez compreenda um pouco do que quero dizer. De nada adianta a criação de símbolos, sinais, ícones, convenções e a própria escrita, se o significante não chega a um indivíduo que interpretará os seus significados. Jonas tem ao seu redor um universo que utilizamos para comunicarmos, mas ele não sabe interpretá-los. A mensagem não chega ao interlocutor. Somente quando ele passa a compreender e interagir, através da linguagem de sinais, é que ele consegue entrar neste novo mundo que até então não lhe era permitido. Jonas deixa de ser um estrangeiro em sua própria terra!

terça-feira, outubro 06, 2009

LIBRAS

Pesquisando sites e vídeos sobre a comunidade surda, esse vídeo chamou minha atenção, pois podemos perceber bem a importância da expressão facial na língua de sinais.

terça-feira, setembro 29, 2009

Brincando de Aprender

Nem só de atividades culturais sobrevive um final de semana! Estive na casa das minhas priminhas fofas dando o pontapé inicial no trabalho da disciplina de Linguagem e Educação. Elas estão em uma idade bastante interessante, onde a curiosidade e a imaginação se fazem presentes de maneira divertida, que nos faz rir. Em que momento da nossa aprendizagem esquecemos o quão divertido pode ser o aprender? Não sei todas as respostas, mas sempre me divirto muito com as histórias que elas têm para contar. Será por causa destas carinhas divertidas?




Fim-de-semana Cult

Dizem que a única maneira de alcançar a imortalidade é não morrer na memória dos homens. No meu fim de semana cultural, vi a obra Carmina Burana, de Carl Orff. As canções, as carminas, são anteriores a Orff. Sendo que as primeiras notícias que se tem a seu respeito tratem do ano de 740. Call Orff se imortalizou com Carmina Burana.
Saiba um pouco mais sobre a obra imortal Carmina Burana.
E você como será lembrado?

segunda-feira, setembro 28, 2009

Sexta-feira, dia vinte e vinco de setembro, fui ao teatro e gostaria de compartilhar a experiência pedagógica que tirei do fato. Ontem foi o início do projeto Fazendo Teatro – O TSP Agora é das crianças! Projeto esse que incentiva os pequenos a irem ao teatro, e que no período de 25 de setembro a 12 de novembro abre suas portas às crianças. Segundo Paulo Freire não devemos fazer distinção entre os diferentes tipos de cultura. Se, é produção humana, é cultura humana. É claro que a reflexão do pensador vai muito além, e não quero me alongar, porém sem desmerecer os diversos tipos de cultura: teatro é teatro. A magia do teatro é uma experiência ímpar. Diferente da ”telinha” onde tudo parece tão distante e irreal. Havia crianças por todos os lados, os olhinhos delas brilham, quer dizer... Nem só o delas! Vi muitos adultos com os olhos grudados no espetáculo! E o mais importante de tudo, no teatro a platéia interage, participa, faz parte do espetáculo. Na frente do computador, da televisão ou cinema, não há trocas. Falta o calor que só é possível nas relações humanas. Para aqueles que iam pela primeira vez certamente o momento ficará gravado na memória. A apresentação era de graça, alguns iam com seus pais, outros acompanhados de seus colegas e professores. Era um novo público criando o gosto pelo teatro. Saindo de suas casas, passeando, pegando sol, se exercitando. Aprendendo lições de cidadania, de paciência, de criatividade, de imaginação e que é possível dar formas aos sonhos. Infelizmente, até mesmo por desconhecimento, não pude levar meus alunos. Cultura é cultura, não há como classificá-la, a riqueza cultural está em usufruir de toda a sua diversidade. Neste dia se apresentaram o grupo Tholl e o Circo Girassol. Ambos os grupos unem as artes circenses e o teatro. Adoro em especial o grupo Tholl. Em 2007 na apresentação que fizeram na UFRGS, me apaixonei, até fiz uma postagem no blogger! Parece coisa de outro mundo.
Fui ao teatro e é esta lição que vou passar aos meus alunos. Teatro não é uma coisa elitista, sempre cara e inacessível. Já assisti muita peça teatral boa e de graça, já paguei para assistir peças ruins. Felizmente existem grupos que fazem espetáculos gratuitos ou baratos. É tudo uma questão de criar o gosto por esta forma de cultura. Criar o hábito de ir ao teatro. Nem precisa ser a maravilha que é o São Pedro, pode ser o teatro de rua mesmo. A importância de iniciativas como está é criar um novo público, e este qualificar cada vez mais a qualidade de nossos espetáculos.



sexta-feira, setembro 25, 2009

Falando em exemplo...

Há poucos dias escrevi que a beleza contagia, que bons exemplos devem ser seguidos. Comentei sobre a reforma que fizemos em minha sala de aula e sobre o vandalismo. Pouco tempo depois o caso da professora Denise vem a tona. O ocorrido foi anterior ao meu post no blog, mas só foi divulgado depois. Mais do que nunca me coloquei no lugar desta professora, não por defesa da classe, mas por me identificar com o trabalho que fizeram em sua escola, uma belezura. A professora Denise está na mídia. Apareceu no jornal Hoje, no jornal do almoço, Zero Hora, Diário Gaúcho, no Balanço Geral e no Jornal da Record. Está nos principais sites e no Youtube. O que ela fez? Deu o exemplo que tantos brasileiros gostariam de ter visto. No país do deixa pra lá, do jeitinho e do levar vantagem em tudo, a cobrança por responsabilidades encanta a todos. Não quero julgar a atitude da mãe do adolescente, mãe é mãe, mas parabenizo a professora que corajosamente teve uma atitude firme, e a sustentou. Na enquete que foi ao ar, 97% dos participantes aprovaram o comportamento da professora. A comunidade escolar deu seu total apoio a ela. E a própria SEC foi obrigada a abonar o comportamento da educadora. No vídeo é possível escutar a professora pedindo para seus alunos ajudarem a cuidar da escola e denunciar quem a suja-se. É preciso repetir estas palavras várias e várias vezes, quem sabe assim nossas escolas fiquem mais limpas e bonitas, quem sabe nossa cidade fique mais bela, quem sabe nosso estado de o exemplo e bem,,,, acho que está na hora de acordar. De qualquer forma, nunca é demais repetir: parabéns professora Denise por tentar fazer um mundo melhor!

Para entender o caso, veja o resume que retirei do site do Jornal Hoje:Na semana passada, a professora Denise Bandeira, que também é vice-diretora da escola, obrigou o aluno a retocar a parede. Um dos colegas gravou o menino trabalhando. No vídeo, a professora chama o garoto de bobo da corte. A escola, que é pública, foi pintada no começo do mês num mutirão de pais, alunos e professores.



terça-feira, setembro 22, 2009


É primavera… já dizia a canção de Tim Maia. Uma estação agradável, não só pelo seu clima como pela sua belezura. Já perceberam que a beleza é contagiante? Quem não gosta de dar aulas numa sala de aula limpinha, bem pintada e enfeitada? Pena que nem todos parecem compartilhar dessa idéia. Vejo muito vandalismo, desleixo e sujeira nas escolas em geral. Vejo ruas, prédios e lugares públicos pichados e sujos. Não sei qual a graça que vêem em “enfeiar” a cidade com rabiscos que ninguém sequer consegue entender. Já vi garatujas de crianças muito mais bonitas, até mesmo nas paredes de suas mães. Mas estarei errada em pensar que a beleza contagia? Com a ajuda dos pais e da comunidade reformei minha sala de aula que era muito feia. Pintamos, consertamos, decoramos. A sala ficou linda. Todos tiveram orgulho do resultado. Os alunos os principais responsáveis pelo acontecimento adoraram estudar numa sala nova. O exemplo foi seguido por outras turmas, outras salas foram arrumadas dando a mesma satisfação aos seus ocupantes. Boas atitudes viram exemplos. Já vi moradores podarem arvores e cortarem a grama e serem imediatamente imitados por seus vizinhos. Mudas de flores e folhagens vão passando de mão e mão multiplicando jardins e vasos. Está certo que nem tudo são flores, existem os espíritos de porcos espalhados nesta metrópole multifacetada. Porém, boas atitudes são bons exemplos, às vezes só precisamos de um incentivo para colorir a primavera. Plante uma flor, ou apenas regue uma, quem sabe seu vizinho não faça um lindo jardim.

Ao iniciar este post queria falar sobre a passagem de um livro: O Mestre Inesquecível, Análise da Inteligência de Cristo de AUGUSTO CURY, mas a chegada da primavera falou mais alto. Do livro retirei apenas uma frase:
“Os pais e professores deveriam ser vendedores de sonhos. Deveriam plantar as mais belas sementes no interior deles para fazê-los intelectualmente livres e emocionalmente brilhantes. Jesus Cristo tem muito a nos ensinar nesse sentido.”
Como vão suas flores?

segunda-feira, setembro 21, 2009

A Vaca e a Educadora, uma fábula prá lá de moderna


Há muito tempo, quando eu era pequena, olhando para o lado de fora, através da janela de minha sala de aula, vi uma vaca. Pastava calmamente no terreno ao lado da escola. A vaca ruminava pacientemente. Que coisa bonita! - pensei. E apesar dos meus poucos anos, já tinha visto muitas pessoas chamando algumas mulheres de vaca, sempre em tom ofensivo. Mas por quê? As vacas são tão bonitas! Mesmo assim não gostaria de ser chamada de vaca! Afinal provavelmente elas a chamem assim, porque são gordinhas e fofinhas. Minha professora era gordinha e eu queria ser professora. Queria mostrar aos meus alunos o mesmo mundo maravilhoso a que fui apresentada, naquela mesma sala de aula.
Hoje eu cresci, tornei-me uma professora realizando um sonho de infância, porém, outro dia vi na televisão uma professora sendo chamada de vaca. Não foi uma coisa bonita. E nem gordinha ela era. Pensando bem, do jeito que o governo trata os professores, eles se parecem muito com uma boiada. Todos pastando, pacificamente, nos campos de uma educação ideologicamente alinhada. E eles não têm medo de um “estouro”, pois as cercas da opressão e de controle social os mantêm em seu lugar até o momento do abate.
É muito triste tudo isso, nunca vi nem uma mãe de aluno chamando a governadora de vaca. E olha que eu continuo achando as vacas muito bonitinhas e úteis. Podem até me achar louca, com essa conversa mais maluca ainda, mas hoje em dia, não me ofenderia de ser chamada de vaca, afinal com o preço que anda a carne e o leite, as vacas estão sendo muito mais valorizadas do que as professoras.

domingo, setembro 20, 2009


Durante essa semana realizei atividades relacionadas à Revolução Farroupilha com meus alunos da 4a série. Como todos sabem o currículo desta série trabalha a história e a geografia do nosso Estado, ou seja, desde o inicio do ano letivo estamos trabalhando sobre esse assunto. Já havia constato que meus alunos não conhecem a história do nosso Estado e percebi que não conheciam nem mesmo o nosso hino. Então, trabalhamos o hino, seu significado, contextualização histórica, enfim. Para realizar esse trabalho pesquisei muito na internet a procura de imagens, textos, reportagens, sobre o Rio Grande do Sul, e para minha surpresa pouco encontrei. Percebi que é necessário urgentemente resgatar nossa história e vivenciá-la, trazendo mais significado a nossa cultura e tradição.
Em tempos onde programas de televisão mostram o quanto o povo brasileiro desconhece o hino nacional, não é surpresa que alunos de minha escola desconheçam o hino rio-grandense. Mas todos nós podemos fazer a nossa parte e contribuir para que os usos e costumes do povo gaúcho não fazem apenas parte de uma história de um povo já esquecido. O hino por si só nada representaria, mas a história representada através desta letra, nos traz o orgulho de ser parte dessa gente.

quinta-feira, setembro 10, 2009

Escola e Tradição


Numa conversa familiar veio à tona o ensino aplicado no Colégio Militar de Porto Alegre, entre outras coisas o pai de um aluno elogiou a excelência da escola. Mas afinal o que tem de especial o CMPA? Em seu currículo consta a passagem de nada mais nada menos que cinco presidentes da República (Vargas, Costa e Silva, Médici, Geisel e Castelo Branco). Entre as qualidades destacadas pelo pai, estão a questão da disciplina, o índice de aprovação no vestibular da UFRGS e o grau de exigência de dedicação nos estudos. A conversa e minha curiosidade estenderam-se sobre a origem desta tradição pedagógica. Os militares desde os tempos de Dom Pedro II, tiveram fortes ligações com o positivismo. Não é a toa que o lema da República seja “ORDEM E PROGRESSO”. O colégio militar, assim como a faculdade de Direito tiveram grande identificação com essa escola filosófica. Fico perguntando-me o quanto de Comte e Comênio, existe nesta tradição. Mas falar em positivismo nos dias atuais seria um retrocesso e um saudosismo não bem visto. Em sua atual proposta pedagógica, parecem aproximar-se mais de Piaget, com a valorização da pesquisa por parte do aluno e da construção do saber, através da sua autonomia e senso-crítico. Talvez a percepção do pai, sobre a disciplina rígida e da obtenção de resultados práticos (como o ingresso no vestibular), estejam distorcidos em relação à proposta pedagógica do CMPA. Porém, parece que a tradição é forte, eficiente e conservadora, desejável como deve ser a um bom colégio militar.

quinta-feira, setembro 03, 2009

Aprendizados

O balanço do semestre passado não foi totalmente negativo, apesar de minhas discordâncias. Do limão fiz uma limonada. É claro que devo grande parte desses méritos aos meus próprios alunos, afinal partiu deles a sugestão para a grande visita que fizemos a aldeia indígena dos Mbyá-Guarani. Partindo do conceito de Piaget, onde o aluno deve ser o construtor do seu aprendizado, ao expor sobre uma palestra que assisti sobre a presença indígena em nosso meio, meus alunos demonstraram interesse conhecê-los. Não queriam apenas ouvir falar em histórias de índios ou ver suas fotos estampadas em livros ou revistas, queriam conhecer a sua realidade e como vivem. No principio assustei-me com o esforço que seria necessário para realizar esse projeto, que mais me parecia um sonho e que eles ajudaram a concretizá-lo. Era necessário fazer contatos não somente com os indígenas, mas a questão de transporte, autorizações e o que foi mais bonito, uma pequena campanha de arrecadação de alimentos para retribuir a visita. O transporte foi o mais complicado, pois o aluguel de um ônibus seria muito caro, conseguimos o apoio da Brigada Militar, de Alvorada, com a ajuda do policial do PROERD, Soldado Figueiró, que gentilmente cederam o ônibus.
A escola autorizou a saída, os pais também, então os alunos começaram uma mobilização para a arrecadação de alimentos. A comunidade como um todo foi mobilizada para a alegria da garotada da escola e seus novos amigos da tribo indígena.
A visita foi exitosa, como diria Paulo Freire:
- A alegria não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo da busca. E ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria.
Alegria e boniteza tiveram de sobra, além do aprender e ensinar. Ganhamos todos, e foi muito mais gratificante para mim do que uma avaliação A com estrelinhas. E na simplicidade e sinceridade dos indígenas percebi que havemos de procurar resgatar o muito do que perdemos.

quarta-feira, setembro 02, 2009

Avaliações

No semestre anterior tive grandes vivências dentro e fora dos muros da escola. Nem todas as experiências foram agradáveis, mas com certeza todas contribuíram para o meu crescimento. As decepções também fazem parte da vida. Iniciei o semestre não concordando com a metodologia, os temas e o modo de sua abordagem na disciplina de Questões Étnico-Raciais. Minhas inquietações foram colocadas nos trabalhos, no blogger, nos e-mails, nas trocas interpessoais, enfim e em todos os meios que o PEAD nos oferece. Meus argumentos foram elaborados e expostos de maneira a levar ao diálogo. Como resultado final, ganhei um B. Não estou aqui contestando a nota, mas a maneira com que foi dada. Como achar que tal avaliação foi justa, quando a minha dedicação e busca pela construção do conhecimento foi marcada por uma produção escrita que, a meu ver, superou ao que foi pedido. E também a realização de um projeto, cujas atividades saíram do âmbito escola e universidade. Uma boa dosada relação entre teoria e prática. Mas como retorno, obtenho uma nota que destoa com o esforço empreendido. O que posso tirar como conclusão é que ao invés de não concordar com as idéias apresentadas, e o modo como são apresentadas, devo sorrir cinicamente, dizer amém e elogiar as minhas avaliadoras. É esta a atitude que vejo como sendo a mais salutar e mais “lucrativa”, afinal vivemos numa sociedade onde o que importa é o resultado final e tenho que concordar que um conceito A é sempre melhor que um conceito B.
Felizmente não penso desta forma, onde os fins justificam os meios. Maquiavel não é o meu mestre. Portanto me avaliem como quiserem! Saí ganhando sim, pois aprendi a melhorar meus argumentos, a embasá-los e o mais importante: transformar a teoria em uma realidade ao alcance de nossos alunos. Disciplinas como a de Filosofia, Psicologia e a do Seminário Integrador, suas professoras e a abordagem do conteúdo, contribuíram para enriquecer a minha prática pedagógica. Não é uma questão de ter ido ou não com a “cara” da disciplina e seus educadores, e sim, uma questão de avaliação do aluno em relação à disciplina. Talvez eu esteja sendo tão injusta quanto me sinto injustiçada, mas fica aqui meu desabafo e a lição aprendida: até quando é preferível dizer “amém” e garantir a nota?

Qual é a diferença?




Fiquei muito feliz com a escolha do texto “A educação Após Auschwitz”, de Theodor Adorno, que trabalhamos em Filosofia da Educação. Um texto escrito há várias décadas, mas com uma temática atual.
Estou adorando a proposta de trabalho desta disciplina, pois estamos sempre sendo desafiados a criar argumentos sobre os textos, filmes, enfim. O filme “O Clube do Imperador” fez-me lembrar a Grécia Antiga, e parece que essa é a idéia da professora Elaine Conte. Pois lá, na Grécia Antiga, se ensinava a arte da retórica aos cidadãos de Athenas. Era através da argumentação e da dialética, em praça pública, que se exercia a democracia. Se os sofistas se especializaram na retórica, o conhecimento evoluiu de Sócrates a Platão, a filosofia tomou forma e criou a Academia. Hoje, na academia moderna, aprendemos a filosofar. Nossos argumentos devem defender nossas idéias, não mais diante dos atenienses, mas perante o mundo. Não estamos mais limitados a um grupo, presos a uma sala de aula, a internet nos coloca diante do mundo. E temos aqui a responsabilidade de dizer: Auschwitz, nunca mais! Não se trata de concordar ou discordar dos argumentos de Adorno, e sim alertar para o perigo de um novo holocausto, de uma volta à barbárie.
Hoje, na Áustria é considerado crime o nazismo ou o neonazismo, assim como manifestar-se a favor desta ideologia. Não é um tolhimento da liberdade de expressão, e sim uma regra de conduta civilizada. A Áustria está dizendo não a barbárie. Adorno nos diz que a educação é a única arma que temos contra o que aconteceu em Auschwitz. Mas qual educação está sendo dada em nossas escolas?
Há pouco tempo, procurando uma saída para as brigas que envolviam meus alunos, resolvi trabalhar com o filme “Escritores da liberdade”. Neste filme tem uma cena interessante onde os alunos visitam um museu em homenagem as vítimas do holocausto. Neste museu, há passagens onde o visitante deve optar por qual caminho seguir: homens/mulheres, adultos/crianças e a triagem não para por aí: saudáveis/doentes, judeus/negros/ciganos. A mesma separação que os nazistas faziam nos campos de concentração, para separar os que iam morrer: na câmera de gás, trabalhando ou de fome. Os caminhos do museu levavam todos ao mesmo lugar, uma sala onde o visitante poderia saber um pouco mais sobre o destino daqueles que foram para os campos de concentração. Por fim as classificações dos nazistas levavam todos ao mesmo lugar: a morte. A única diferença era somente o quando e como. Auschwitz era a grande arma tecnológica e eficiente para a “solução final”. No filme, baseado numa história real, os alunos conhecem Miep Gies, a senhora que abrigou Anne Frank e sua família, durante vinte e cinco meses em um sótão. No filme, entre um aluno e essa senhora, ocorre o seguinte diálogo:
- Eu nunca tinha conhecido um herói, a senhora é a minha heroína.
- Oh, não! Não, não, meu jovem. Não sou uma heroína, não. Eu fiz o que tinha que fazer, porque era a coisa certa a fazer, foi só isso. Nós somos, todos, pessoas comuns, mas mesmo uma simples secretária ou uma dona de casa ou adolescente, podem, mesmo que com pequenas atitudes acender uma luzinha numa sala escura. Não é?
Anne Frank e sua irmã morreram no campo de concentração de Bergen-Belsen, em março de 1945. Aqueles que forem além do “Diário de Anne Frank”, vão ler o relato dos que sobreviveram ao mesmo campo de concentração, descrevendo Anne como uma menina simpática, com um lindo sorriso. Sorriso que se apagou com a morte de sua irmã, Margot. Após a morte dela, a menina que até então parecia tão cheia de vida (apesar das duras condições a que estava submetida), definhou e morreu no decorrer de poucos dias. Seus companheiros de infortúnio não estranharam a repentina mudança, para morrer nos campos bastava não lutar pela vida.
Adorno não chegou a conhecer o fim do Apartheid, o regime racista da África do Sul, mas foi contemporâneo de seu início, assim como do terror nazista. O autor nos fala do medo de um novo Auschwitz. Não é preciso muito para ver o mesmo medo no Gueto de Soweto, a mesma desumanização que foi vista no gueto de Varsóvia.
Como deixamos isso acontecer? Adorno nos mostra que a ideologia nazista era voltada para a valorização tecnológica, a massificação cultural, o não questionamento de seus líderes e onde o indivíduo deveria ser indiferente a dor e capaz de suportá-la, sendo assim o homem era “coisificado”. Assim fica mais fácil rotulá-lo, segregá-lo e após dizimá-lo, não havendo dor, nem remorso.
E nós, como educadores e membros ativos de uma sociedade democrática o que temos feito para que não surja um novo Auschwitz? Uma barbárie tão distante de nós, quanto o Apartheid de Adorno. A barbárie anda lado a lado com a civilização, e é preciso ser vigilante para que ela não retorne. Adorno nos propõe a solução pela educação. Utilizando a leitura de nossa professora Elaine Conte de seu discurso:
“E, então, ele pronuncia uma frase que gosto muito: "se não fosse pelo meu temor em ser interpretado equivocadamente como sentimental, eu diria que para haver formação cultural se requer amor; e o defeito certamente se refere à capacidade de amar" (Adorno, 1985, p. 64). Amor, para Adorno, é manter-se aberto, com todos os poros, todos os sentidos, todos os sentimentos, para o discurso alheio, livre e de maneira plural.”
Não sei se estou apta a este amor, penso que o discurso nazista deve ter o mesmo tratamento que é dado na Áustria. Se professores e acadêmicos se calarem diante da triagem de seus alunos; bem, talvez o medo de Adorno seja mais real do que imaginamos.
Esse texto foi excluído acidentalmente e republicado!

segunda-feira, maio 25, 2009

quarta-feira, maio 20, 2009

domingo, maio 17, 2009

Os Excluídos

Recentemente fiz um texto para participar do Fórum sobre Inclusão das crianças Portadoras de Necessidades Especiais, a partir desta e de outras discussões quero deixar aqui um pouco desta reflexão.

Inclusão? Estaremos incluindo ou excluindo? Numa escola onde cadeirantes não tem rampas de acesso, onde cegos não possuem material que possam ler, onde crianças com paralisia cerebral ficam apáticas disputando a atenção juntamente com outros tantos com problemas muitas vezes não diagnosticados e que em comum vão tendo repetências atrás de repetências. Como falar de inclusão sem as verdadeiras condições para receberem esses alunos? A lei ampara e prega a inclusão. Li a lei, li o fórum, li os textos e vi os vídeos. Olhei a realidade que me cerca e percebi que algo está errado. A Constituição Brasileira prega:

“salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim; (...)”

Talvez vocês se perguntem o que tem haver uma coisa com outra. O princípio é o mesmo, na lei todas as preocupações estão presentes e atendidas, mas o que vemos é uma sociedade tentando se adaptar a dura realidade. Os PNES lutam por seus direitos, como o trabalhador que tem que escolher entre o pão e a educação. Filhos de excluídos lutam pela inclusão. Os excluídos por cor, gênero ou origem lutam pela igualdade social. Vivemos numa sociedade desigual. A lei para os ricos não é a mesma para os pobres. E isto não é apenas um dito popular, está presente na mídia e com exemplos recentes. Diz a canção Cidadão, de Zé Ramalho:
“Tá vendo aquele colégio moço?
Eu também trabalhei lá,
Lá eu quase me arrebento
Fiz a massa pus, cimento
Ajudei a rebocar.
Minha filha inocente
Vem pra mim toda contente:
- Pai vou me matricular.
Mas me diz um cidadão:
- Criança de pé no chão
Aqui não pode estudar.”
Pobre trabalhador, este não sabe que a Constituição lhe assegura um salário mínimo que lhe possibilita colocar sua filha numa boa escola pública, outro direito adquirido, O Estado é nosso grande pai. O Estado garante a inclusão, e se não está funcionando é por culpa de meia dúzia de professores revoltados que não querem se adaptar, estes educadores, que não tem sentimentos de solidariedade e não pensam em nossas crianças PNES. Será que é esse o problema da inclusão?
Todos têm os mesmos direitos, quer seja o filho do trabalhador, do desempregado, do viciado em crack, do índio, do branco, do negro, o cadeirante, o hiperativo, o cego, o surdo, o deficiente mental, o gay, o imigrante ou emigrante. Até mesmo os ricos têm direito a estudar na escola pública. A única diferença é que apesar da inclusão lhes ser garantida, sua permanência nem sempre será uma experiência “construtora” do saber.

Nossas discussões giram sempre em torno dos mesmos problemas, EDUCAÇÃO NÃO É PRIORIDADE, NEM NESTE, MUITO MENOS, NOS GOVERNOS ANTERIORES. Lendo o histórico das leis e políticas públicas que tratam da educação especial, vemos que muito pouco se avançou de fato nessa questão. E que toda e qualquer mudança só se deu a partir de muita pressão, principalmente pressão da opinião publica EXTERNA.
O Brasil é sem duvida um país de vanguarda, poderia citar vários exemplos, mas fico com um só: nós temos o sistema bancário mais avançado do mundo. Lição aprendida após anos lidando com uma inflação monstruosa. Seria interessante linkar todos as qualidades de nosso país, mas creio que esse não seja o momento, sei que para o Brasil realmente ser grande é preciso tratar da educação com seriedade e qualidade. A história da educação brasileira não me trás conforto, os problemas encontrados na educação especial é somente mais um deles. Estou cursando uma faculdade, onde algumas questões, que pensei que seriam melhor trabalhadas, são tratadas apenas com sentimentalismo. Entro num fórum, cujo principal objetivo é discutir as idéias e questões levantadas nos textos, e o que vejo são somente um desabafo de minhas colegas. Foram pouquíssimas as participações que discutiram os textos ou procuraram um embasamento teórico mais aprofundado. Se for pra desabafar não preciso freqüentar uma universidade, posso sair de minha escola e ficar conversando com minhas colegas de trabalho.
Vejo pessoas interessadas e preocupadas com a questão educacional, mas por outro lado fico triste em perceber que muitos acham que isso aqui é uma grande Disneylândia, ou uma Neverland, onde tudo é lindo e maravilhoso e que a inclusão é só uma questão de receber com amor e carinho nossas crianças.

quarta-feira, maio 06, 2009

Em todas as montanhas, ouviu o sino da liberdade

EU TENHO UM SONHO - Discurso de Martin Luther King (28/08/1963)

"Eu estou contente em unir-me a vocês no dia que entrará para a história como a maior
demonstração pela liberdade na história de nossa nação.

Há cem anos atrás, um grande americano, na qual estamos sob sua simbólica sombra, assinou
a Proclamação de Emancipação. Esse importante decreto veio como um grande farol de
esperança para milhões de escravos negros que tinham murchados nas chamas da injustiça.
Ele veio como uma alvorada para terminar a longa noite de seus cativeiros.
Mas cem anos depois, o Negro ainda não é livre.
Cem anos depois, a vida do Negro ainda é tristemente inválida pelas algemas da segregação e
as cadeias de discriminação.
Cem anos depois, o Negro vive em uma ilha só de pobreza no meio de um vasto oceano de
prosperidade material.
Cem anos depois, o Negro ainda adoece nos cantos da sociedade americana e se encontram
exilados em sua própria terra. Assim, nós viemos aqui hoje para dramatizar sua vergonhosa
condição.

De certo modo, nós viemos à capital de nossa nação para trocar um cheque. Quando os
arquitetos de nossa república escreveram as magníficas palavras da Constituição e a
Declaração da Independência, eles estavam assinando uma nota promissória para a qual todo
americano seria seu herdeiro. Esta nota era uma promessa que todos os homens, sim, os
homens negros, como também os homens brancos, teriam garantidos os direitos inalienáveis
de vida, liberdade e a busca da felicidade. Hoje é óbvio que aquela América não apresentou
esta nota promissória. Em vez de honrar esta obrigação sagrada, a América deu para o povo
negro um cheque sem fundos, um cheque que voltou marcado com "fundos insuficientes".

Mas nós nos recusamos a acreditar que o banco da justiça é falível. Nós nos recusamos a
acreditar que há capitais insuficientes de oportunidade nesta nação. Assim nós viemos trocar
este cheque, um cheque que nos dará o direito de reclamar as riquezas de liberdade e a
segurança da justiça.

Nós também viemos para recordar à América dessa cruel urgência. Este não é o momento
para descansar no luxo refrescante ou tomar o remédio tranqüilizante do gradualismo.
Agora é o tempo para transformar em realidade as promessas de democracia.
Agora é o tempo para subir do vale das trevas da segregação ao caminho iluminado pelo sol
da justiça racial.
Agora é o tempo para erguer nossa nação das areias movediças da injustiça racial para a
pedra sólida da fraternidade. Agora é o tempo para fazer da justiça uma realidade para todos
os filhos de Deus.

Seria fatal para a nação negligenciar a urgência desse momento. Este verão sufocante do
legítimo descontentamento dos Negros não passará até termos um renovador outono de
liberdade e igualdade. Este ano de 1963 não é um fim, mas um começo. Esses que esperam
que o Negro agora estará contente, terão um violento despertar se a nação votar aos negócios
de sempre.

Mas há algo que eu tenho que dizer ao meu povo que se dirige ao portal que conduz ao palácio
da justiça. No processo de conquistar nosso legítimo direito, nós não devemos ser culpados de
ações de injustiças. Não vamos satisfazer nossa sede de liberdade bebendo da xícara da
amargura e do ódio. Nós sempre temos que conduzir nossa luta num alto nível de dignidade e
disciplina. Nós não devemos permitir que nosso criativo protesto se degenere em violência
física. Novamente e novamente nós temos que subir às majestosas alturas da reunião da força
física com a força de alma. Nossa nova e maravilhosa combatividade mostrou à comunidade
negra que não devemos ter uma desconfiança para com todas as pessoas brancas, para
muitos de nossos irmãos brancos, como comprovamos pela presença deles aqui hoje, vieram
entender que o destino deles é amarrado ao nosso destino. Eles vieram perceber que a
liberdade deles é ligada indissoluvelmente a nossa liberdade. Nós não podemos caminhar só.
E como nós caminhamos, nós temos que fazer a promessa que nós sempre marcharemos à
frente. Nós não podemos retroceder. Há esses que estão perguntando para os devotos dos
direitos civis, "Quando vocês estarão satisfeitos?"

Nós nunca estaremos satisfeitos enquanto o Negro for vítima dos horrores indizíveis da
brutalidade policial. Nós nunca estaremos satisfeitos enquanto nossos corpos, pesados com a
fadiga da viagem, não poderem ter hospedagem nos motéis das estradas e os hotéis das
cidades. Nós não estaremos satisfeitos enquanto um Negro não puder votar no Mississipi e um
Negro em Nova Iorque acreditar que ele não tem motivo para votar. Não, não, nós não
estamos satisfeitos e nós não estaremos satisfeitos até que a justiça e a retidão rolem abaixo
como águas de uma poderosa correnteza.

Eu não esqueci que alguns de você vieram até aqui após grandes testes e sofrimentos. Alguns
de você vieram recentemente de celas estreitas das prisões. Alguns de vocês vieram de áreas
onde sua busca pela liberdade lhe deixaram marcas pelas tempestades das perseguições e
pelos ventos de brutalidade policial. Você são o veteranos do sofrimento. Continuem
trabalhando com a fé que sofrimento imerecido é redentor. Voltem para o Mississippi, voltem
para o Alabama, voltem para a Carolina do Sul, voltem para a Geórgia, voltem para Louisiana,
voltem para as ruas sujas e guetos de nossas cidades do norte, sabendo que de alguma
maneira esta situação pode e será mudada. Não se deixe caiar no vale de desespero.

Eu digo a você hoje, meus amigos, que embora nós enfrentemos as dificuldades de hoje e
amanhã. Eu ainda tenho um sonho. É um sonho profundamente enraizado no sonho
americano.

Eu tenho um sonho que um dia esta nação se levantará e viverá o verdadeiro significado de
sua crença - nós celebraremos estas verdades e elas serão claras para todos, que os homens
são criados iguais.

Eu tenho um sonho que um dia nas colinas vermelhas da Geórgia os filhos dos descendentes
de escravos e os filhos dos descendentes dos donos de escravos poderão se sentar junto à
mesa da fraternidade.

Eu tenho um sonho que um dia, até mesmo no estado de Mississippi, um estado que transpira
com o calor da injustiça, que transpira com o calor de opressão, será transformado em um
oásis de liberdade e justiça.

Eu tenho um sonho que minhas quatro pequenas crianças vão um dia viver em uma nação
onde elas não serão julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter. Eu tenho um
sonho hoje!

Eu tenho um sonho que um dia, no Alabama, com seus racistas malignos, com seu governador
que tem os lábios gotejando palavras de intervenção e negação; nesse justo dia no Alabama
meninos negros e meninas negras poderão unir as mãos com meninos brancos e meninas
brancas como irmãs e irmãos. Eu tenho um sonho hoje!

Eu tenho um sonho que um dia todo vale será exaltado, e todas as colinas e montanhas virão
abaixo, os lugares ásperos serão aplainados e os lugares tortuosos serão endireitados e a
glória do Senhor será revelada e toda a carne estará junta.

Esta é nossa esperança. Esta é a fé com que regressarei para o Sul. Com esta fé nós
poderemos cortar da montanha do desespero uma pedra de esperança. Com esta fé nós
poderemos transformar as discórdias estridentes de nossa nação em uma bela sinfonia de
fraternidade. Com esta fé nós poderemos trabalhar juntos, rezar juntos, lutar juntos, para ir
encarcerar juntos, defender liberdade juntos, e quem sabe nós seremos um dia livre. Este será
o dia, este será o dia quando todas as crianças de Deus poderão cantar com um novo
significado.

"Meu país, doce terra de liberdade, eu te canto.
Terra onde meus pais morreram, terra do orgulho dos peregrinos,

De qualquer lado da montanha, ouço o sino da liberdade!"

E se a América é uma grande nação, isto tem que se tornar verdadeiro.

E assim ouvirei o sino da liberdade no extraordinário topo da montanha de New Hampshire.

Ouvirei o sino da liberdade nas poderosas montanhas poderosas de Nova York.

Ouvirei o sino da liberdade nos engrandecidos Alleghenies da Pennsylvania.

Ouvirei o sino da liberdade nas montanhas cobertas de neve Rockies do Colorado.

Ouvirei o sino da liberdade nas ladeiras curvas da Califórnia.

Mas não é só isso. Ouvirei o sino da liberdade na Montanha de Pedra da Geórgia.

Ouvirei o sino da liberdade na Montanha de Vigilância do Tennessee.

Ouvirei o sino da liberdade em todas as colinas do Mississipi.

Em todas as montanhas, ouviu o sino da liberdade.

E quando isto acontecer, quando nós permitimos o sino da liberdade soar, quando nós
deixarmos ele soar em toda moradia e todo vilarejo, em todo estado e em toda cidade, nós
poderemos acelerar aquele dia quando todas as crianças de Deus, homens pretos e homens
brancos, judeus e gentios, protestantes e católicos, poderão unir mãos e cantar nas palavras
do velho espiritual negro:

"Livre afinal, livre afinal.

Agradeço ao Deus todo-poderoso, nós somos livres afinal."

terça-feira, abril 28, 2009

Quilombo e quilombolas

Neste final de semana fiz, juntamente com outros colegas da UFRGS, principalmente acadêmicos do curso de história, uma Visitação Histórica a cidade de Mostardas. A parte que mais me interessou foi nossa ida ao Quilombo de Casca. Há muito que me interesso pelo tema e pude enriquecer meus conhecimentos, embora tenha ficado com “um gostinho de quero mais”, a experiência foi gratificante. Procurarei neste breve relato sintetizar um pouco da fala de Nilza, quilombola e artesã, que tão gentilmente nos acolheu e contou um pouco sobre sua comunidade.
Não vou procurar me ater muito à história propriamente dita do quilombo, pois os dados que coletamos estão muito bem registrados no seu site. Minha fala procurará dar ênfase ao relato de Nilza contando como o quilombo é visto pelos próprios quilombolas.
Uma das primeiras perguntas que lhe dirigiram é o porquê do nome de Quilombo de Casca. Segundo ela teria vindo dos morros de cascas, os sambaquis. Por muito tempo nem sabiam o que era um sambaqui. Depois descobriram que os sambaquis eram depósitos construídos pelo homem constituídos por materiais orgânicos, restos de peixes, conchas, etc. Em cima do qual os índios do litoral habitavam e enterravam seus mortos. Esses verdadeiros morros de conchas foram depredados em sua maioria para a retirada do calcário, muito utilizado em construções.
Segundo Nilza, a história da formação do quilombo não era ensinada na escola e pouco comentada no seio da comunidade. Muitos deles queriam até mesmo esquecer este passado. Alguns deles nem ao menos se consideravam negros, classificando-se como morenos. Tratava-se de querer esquecer sua origem. Hoje em dia, eles têm um bom professor de história que tenta resgatar as memórias do quilombo e sua cultura. Com o passar do tempo voltaram a se considerarem negros, mas ainda não há aquele orgulho de ser negro, de ser quilombola. Pela sua fala estes valores estão novamente sendo recuperados e estão tomando consciência de sua importância, algo há muito esquecido e reprimido.
“Agora com um presidente negro pode ser que isso mude que eles se assumam e lutem” – Nilza, referindo-se ao presidente dos Estados Unidos da América, Barak Obahma.
Analisando as falas de Nilza e de outros quilombolas me parece que foi preciso uma presença externa para resgatar os seus valores internos. Viveram um período de esquecimento e perda de identidade, querendo apagar o passado de sofrimentos e humilhações que seus antepassados sofreram. De sua cultura nada restou além do Terno de Reis. Mas a dignidade de ser um quilombola está sendo construída, ou reconstruída, aos poucos. Passou o período de esquecer, chegou o tempo de lembrar um passado e passar a ter orgulho dele. Recuperar uma cultura talvez leve tanto tempo quanto levou para esquecê-la. Dos muitos exemplos externos é interessante que o orgulho de verem um presidente negro eleito também lhes ajude a reconhecerem o seu próprio potencial e a origem comum da diáspora negra.

terça-feira, abril 21, 2009

Esta semana participei de um seminário sobre a questão indígena. Foi muito ilustrativo, com a participação de antropólogos, historiadores, e pessoas que trabalham com essa temática. E como não poderia deixar de participar, os próprios índios, destaco a presença do cacique Cirilo, da tribo Mbyá-Guarani, localizada na Lomba do Pinheiro. Evento este que pretendo abordar brevemente aqui. Por hora, gostaria de dizer que tal evento foi muito útil para minhas reflexões ao trabalhar com a questão étnico racial em sala de aula.
Segue o trabalho que produzi na disciplina de Questões étnico raciais na educação

Trabalhando Raça e Etnia em Sala de Aula

Já há longo tempo venho trabalhando com a construção da Linha do Tempo com meus alunos. Ao iniciar o ano solicito que façam uma pesquisa junto as suas famílias, que lhes possibilite resgatar sua historia através da Linha do Tempo. Desta maneira os alunos descobrem suas origens e os principais acontecimentos que ocorreram ao longo de suas vidas. Em conjunto com a árvore genealógica e a origem de suas famílias, trabalhando assim conceitos básicos de história e sociedade.
Ao receber a proposta da atividade de trabalhar com a questão étnica racial, resolvi dar continuidade a este trabalho que já estava em andamento. Porém, tive que rever alguns conceitos. O que é raça? O que é etnia? A questão do racismo e suas conseqüências não é novidade em nosso meio e já trabalhei, e já vi muitos trabalhos que abordavam o assunto. Então o porquê de minha estranheza? Durante esse mesmo período participei de um seminário sobre a questão indígena, troquei várias informações sobre outras pessoas e li materiais sobre a questão étnica racial. Como, conclusão de todas essas atividades percebi que não estava apta a tratar do tema com meus alunos. Como aproximar deles uma linguagem tão complexa e contraditória? Nesta minha tentativa, vi-me obrigada a aprofundar meus estudos.
Segundo a ciência moderna raça humana é uma só. Não há como diferenciar as diferentes diversidades que compõem a população humana. A raça pura é um mito há muito derrubado. Será errado então falarmos em diferentes raças, como a raça branca, negra, indígena e asiática? Na tentativa de resolver o caso e destacar essas diferenças, os antropólogos optaram pelo conceito de etnia. Vemos então que a questão étnica racial nada mais é do que uma adaptação cultural para destacarmos que existem diferentes raças e ao longo da história houve a exploração de uma pela outra. Se assim não o fizéssemos não poderíamos falar em racismo, pois não havendo raças a discriminação seria apenas algo imaginário. Sabendo que esta chaga ainda está aberta e na busca da igualdade de direitos é que resgatamos este conceito de etnia e raça. Etnia por sua vez se tornou um conceito bem mais amplo, pois podemos diferenciar diferentes povos quer pela cultura e língua, quer pelos seus costumes. Vale dizer que entre os índios, conceito mais amplo de raça, possuem diversas etnias: guaranis, tapuias, charruas, tupis, etc. Poderíamos destacar o mesmo entre os negros: zulus, bandos, pigmeus. Até mesmo entre brancos: alemães, italianos, catalões, sérvios e bósnios, etc. O que se destaca não é mais apenas a cor da pele, embora esta ainda seja a principal característica, mas agora fatores culturais também são levados em conta.
Como tentei resumir no parágrafo acima esta é a questão que eu deveria levar para sala de aula. Como fazer um mosaico étnico racial sem rotular meus alunos como sendo: negros, brancos ou índios? Ao levantar suas origens trabalhando com suas ancestralidades naturalmente nos “classificamos” como negros ou brancos, alguns com origens indígenas, embora não se considerassem como tais.
Surgiu então através deste quadro a possibilidade de se trabalhar: Afinal o que é raça? Somos ou não somos todos humanos. Devemos ter orgulho de sermos brancos, negros, índios, asiáticos? Demos início a um longo diálogo sobre as questões étnicas raciais e principalmente ao racismo, sobre as suas diferentes formas. A partir daí montamos um mosaico com nossas fotos, onde se sobressaia na parte central meus alunos e na parte externa, fotos de seus parentes e de suas infâncias. Não rotulamos as pessoas como brancas ou negras, assim como a sua origem geográfica. Consideramos-nos como sendo brancos ou negros e sabemos nossa origem, porém cada um tem a consciência que não deverá ser considerado melhor ou pior por suas características herdadas. Construímos assim nossa formação étnica racial e resgatamos nossas origens sem nos valermos de conceitos ou preconceitos. Dando continuidade ao trabalho montamos um vídeo com fotos dos alunos e seus familiares.

segunda-feira, abril 20, 2009

Identidade

Todos têm uma identidade, e é a partir dela, que costumo dar início as aulas. Propondo atividades onde cada um possa encontrá-la, com o auxílio da família, dos relatos, das memórias familiares e individuais.
Neste ano realizei com meus alunos uma linha do tempo e pesquisamos a origem dos seus nomes (o porquê da escolha dos pais). Muitos não sabiam sobre seus nomes, sobre seu nascimento e detalhes como: o local, a hora, medidas, etc. Descobriram histórias de suas infancias que não lembravam ou desconheciam. Com a ajuda da família construíram suas biografias, e depois as apresentaram aos colegas, sob forma da linha do tempo. Foi um momento muito gostoso, onde cada um expôs suas histórias do seu jeito, cada um virou um pequeno historiador resgatando um pouco da história, onde todos foram participantes ativos. Tudo foi devidamente registrado e resolvemos fazer um vídeo com as imagens da apresentação.

Com a devida autorização dos pais, compartilho com todos esses momentos.

segunda-feira, abril 13, 2009

Um pouco de todos, um pouco de mim.

Ao realizar o trabalho sobre ancestralidade, abri o velho álbum de fotos da família e encantei-me com tantos achados, tantas recordações que estavam esquecidas, perdidas na memória, elas trouxeram uma saudade querida. Então, resolvi compartilhar as lembranças e imagens com todos.
Minha caixinha de fotos trouxe à lembrança muitos sentimentos, tal qual a caixa de Pandora, com a única diferença que todos os sentimentos foram bons.
Vi um pouco de mim, do que sou e do que fui. Vi um pouco do todo que ajudou a tornar-me o que sou. Parentes, amigos, minha ancestralidade e minhas escolhas. Nós somos um pouco disso tudo.
Algumas coisas herdadas, outras adquiridas. Algumas moldadas com o tempo, outras perdidas na estrada. O hoje deve muito ao passado. O amanhã tem sua base formada nestes pequenos momentos. Minha caixinha resgata um período que por mais esquecido que estivesse sempre fará parte de mim.

domingo, abril 05, 2009

Advogada do diabo

Em nossas vidas, muitas vezes somos obrigados a defender ideias que nem sempre condizem com o nosso modo de pensar, porém a situação e o meio nos levam a tomarmos decisões que nos forçam a utilizar uma boa dose de empatia. Felizmente nunca fui obrigada a ir contra os meus princípios éticos e morais, o que não impede de argumentar em prol de idéias das quais não compartilho. Existem inúmeros casos onde tais princípios são quebrados: advogados de maus clientes, professores de escolas particulares que são obrigados a seguir a ideologia da escola mesmo não concordando. E assim existem vários outros exemplos. Na realização da atividade proposta na interdisciplina de Filosofia da Educação fui levada a argumentar a favor de uma idéia com a qual não concordei. Foi proposto o seguinte trabalho “O seu grupo será responsável por DEFENDER a decisão do antropólogo. Então vocês precisarão criar até 3 argumentos JUSTIFICANDO a decisão dele.” Tive que ser então o que chamamos de advogado de diabo, ou no caso em questão advogada do antropólogo. Segue abaixo o texto do antropólogo e minha argumentação.

O dilema do antropólogo francês

Claude Lee, antropólogo francês, acaba de chegar numa ilha de um arquipélago na Polinésia. Sua missão é pesquisar os hábitos dos nativos que lá habitam. Os costumes dos nativos são bastante diferentes dos costumes dos franceses, mas ele tem o cuidado de não julgar o modo como estes nativos vivem, porque tal avaliação sempre seria parcial. Como poderíamos abstrair sinceramente a concepção de mundo que herdamos da nossa cultura e avaliar imparcialmente todas as culturas?
O antropólogo tem ainda outro argumento: qual seria a medida pela qual julgaríamos as culturas? Existem quesitos transculturais que nos permitem avaliar toda e qualquer cultura? A reposta do antropólogo é não: toda avaliação está condicionada pela cultura do avaliador.
Assim, Claude decidiu jamais interferir no modo de vida dos habitantes do arquipélago. Estes, contudo, possuem uma crença que testa a determinação do antropólogo: os nativos acreditam que os mensageiros dos deuses são homens de pele branca, seres que expressam a vontade absoluta dos deuses – tudo o que disserem deverá ser obedecido. O teste ocorre na pergunta que eles lhe fazem: “você tem a pele branca, então você é um mensageiros dos deuses, ou as nossas crenças estão erradas?”
O antropólogo, fiel aos seus princípios, mente: “sim, eu sou o mensageiro dos deuses”. Mas então surge uma pergunta ainda mais difícil: “todos os homens brancos são mensageiros dos deuses, ou as nossas crenças estão erradas?”
Claude reflete: se responder positivamente estará deixando os nativos vulneráveis aos seus conterrâneos inescrupulosos que fatalmente descobrirão a ilha. Mesmo assim, responde de acordo com a cultura dos nativos: “sim, todos os homens brancos são mensageiros dos deuses”.

Minha argumentação:
Ao fazer sua escolha de não intervir na cultura dos nativos da ilha, o antropólogo não deve prepará-los para um possível contato com outros brancos iguais a ele. Se assim o fizesse estaria interferindo. Deixar aos nativos a escolha de tratá-lo ou não, como um mensageiro dos deuses, seria a melhor maneira de não deixar a sua cultura prevalecer sobre a deles. O problema ético do mau uso que outros brancos poderiam ou não fazer desta escolha não lhe pertenceria. Ao fazer isso estaria interferindo, fazendo um prejulgamento do que seria certo ou errado. Se sua intenção não era contrapor sua cultura com a dos nativos nada poderia

domingo, março 01, 2009

Amigas de jornada...

Estamos começando um novo ano no PEAD, a jornada continua e oque seria dela, sem nossas amizades. Aquelas que foram construídas ao longo desses seis semestres. Tenho muito a agradecer aos céus por elas, por sempre me deram incentivo e apoio nos momentos difíceis, muitas risadas, muita ajuda, ralhada também.
Amigas, amigas, amigas...
Fica aqui a homenagem que apresentei com muita emoção (até demais!) no portfólio do Eixo V.
Obrigada por tudo e continuamos juntas nessa jornada!
Um beijo imenso, cheio de emoção e entusiasmo! Um ótimo 2009 para nós!!!