terça-feira, abril 21, 2009

Esta semana participei de um seminário sobre a questão indígena. Foi muito ilustrativo, com a participação de antropólogos, historiadores, e pessoas que trabalham com essa temática. E como não poderia deixar de participar, os próprios índios, destaco a presença do cacique Cirilo, da tribo Mbyá-Guarani, localizada na Lomba do Pinheiro. Evento este que pretendo abordar brevemente aqui. Por hora, gostaria de dizer que tal evento foi muito útil para minhas reflexões ao trabalhar com a questão étnico racial em sala de aula.
Segue o trabalho que produzi na disciplina de Questões étnico raciais na educação

Trabalhando Raça e Etnia em Sala de Aula

Já há longo tempo venho trabalhando com a construção da Linha do Tempo com meus alunos. Ao iniciar o ano solicito que façam uma pesquisa junto as suas famílias, que lhes possibilite resgatar sua historia através da Linha do Tempo. Desta maneira os alunos descobrem suas origens e os principais acontecimentos que ocorreram ao longo de suas vidas. Em conjunto com a árvore genealógica e a origem de suas famílias, trabalhando assim conceitos básicos de história e sociedade.
Ao receber a proposta da atividade de trabalhar com a questão étnica racial, resolvi dar continuidade a este trabalho que já estava em andamento. Porém, tive que rever alguns conceitos. O que é raça? O que é etnia? A questão do racismo e suas conseqüências não é novidade em nosso meio e já trabalhei, e já vi muitos trabalhos que abordavam o assunto. Então o porquê de minha estranheza? Durante esse mesmo período participei de um seminário sobre a questão indígena, troquei várias informações sobre outras pessoas e li materiais sobre a questão étnica racial. Como, conclusão de todas essas atividades percebi que não estava apta a tratar do tema com meus alunos. Como aproximar deles uma linguagem tão complexa e contraditória? Nesta minha tentativa, vi-me obrigada a aprofundar meus estudos.
Segundo a ciência moderna raça humana é uma só. Não há como diferenciar as diferentes diversidades que compõem a população humana. A raça pura é um mito há muito derrubado. Será errado então falarmos em diferentes raças, como a raça branca, negra, indígena e asiática? Na tentativa de resolver o caso e destacar essas diferenças, os antropólogos optaram pelo conceito de etnia. Vemos então que a questão étnica racial nada mais é do que uma adaptação cultural para destacarmos que existem diferentes raças e ao longo da história houve a exploração de uma pela outra. Se assim não o fizéssemos não poderíamos falar em racismo, pois não havendo raças a discriminação seria apenas algo imaginário. Sabendo que esta chaga ainda está aberta e na busca da igualdade de direitos é que resgatamos este conceito de etnia e raça. Etnia por sua vez se tornou um conceito bem mais amplo, pois podemos diferenciar diferentes povos quer pela cultura e língua, quer pelos seus costumes. Vale dizer que entre os índios, conceito mais amplo de raça, possuem diversas etnias: guaranis, tapuias, charruas, tupis, etc. Poderíamos destacar o mesmo entre os negros: zulus, bandos, pigmeus. Até mesmo entre brancos: alemães, italianos, catalões, sérvios e bósnios, etc. O que se destaca não é mais apenas a cor da pele, embora esta ainda seja a principal característica, mas agora fatores culturais também são levados em conta.
Como tentei resumir no parágrafo acima esta é a questão que eu deveria levar para sala de aula. Como fazer um mosaico étnico racial sem rotular meus alunos como sendo: negros, brancos ou índios? Ao levantar suas origens trabalhando com suas ancestralidades naturalmente nos “classificamos” como negros ou brancos, alguns com origens indígenas, embora não se considerassem como tais.
Surgiu então através deste quadro a possibilidade de se trabalhar: Afinal o que é raça? Somos ou não somos todos humanos. Devemos ter orgulho de sermos brancos, negros, índios, asiáticos? Demos início a um longo diálogo sobre as questões étnicas raciais e principalmente ao racismo, sobre as suas diferentes formas. A partir daí montamos um mosaico com nossas fotos, onde se sobressaia na parte central meus alunos e na parte externa, fotos de seus parentes e de suas infâncias. Não rotulamos as pessoas como brancas ou negras, assim como a sua origem geográfica. Consideramos-nos como sendo brancos ou negros e sabemos nossa origem, porém cada um tem a consciência que não deverá ser considerado melhor ou pior por suas características herdadas. Construímos assim nossa formação étnica racial e resgatamos nossas origens sem nos valermos de conceitos ou preconceitos. Dando continuidade ao trabalho montamos um vídeo com fotos dos alunos e seus familiares.

3 comentários:

  1. Olá, Chaine

    Gostei muito do relato. Detalhas a atividade, tuas preocupações e como as encaminhas. Penso que isso é o que qualifica os registros. Outros professores podem inspirar-se no que propões aos teus alunos, podem comparar suas preocupações com as tuas, comparar os encaminhamentos, ter novas idéias...
    Valeu!
    Abra@os, Iris

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  2. Chaine querida, que beleza de postagens!! É um prazer acadêmico poder ler o que pensas. Realmente a questão preconceito é complicada qdo se fica só no preconceito racial. Eu, pessoalmente, gosto basante de falar em preconceitos, etre os quais se incluem o de cor de pele, que é a característica mais forte quando se pena em raças. Concordo contigo, há uma só raça e os diferentes grupos de humanos que aparecem com diferenças externas por adaptação evolutiva, ao estabelecerem relações desiguais, dividiram esse conceito amplo em uma conceituação mais específica, preconceituosa e dicotomizada. Voltando aos prconceitos, quem já não foi discriminada por algo: feia, loira, alta demais, gorda, burra, preta, mulata, usa óculos, branquela, velho, e isso se manifesta nos apelidos: saracura, Olivia palito, quatro olhos, bolão, fofura, mulher melancia, alemoa... Quem já não foi discrinado, pelo menos uma vez?
    Um abração
    Bea

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  3. sua sem vergonha não me ligou mais.Quando tu vier no centro me liga.To trabalhando na Riachuelo,1098 F:3211-0222.Aparece pra gente colocar o papo em dia.Bjs.Alexdandra

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