quinta-feira, novembro 18, 2010

O começo do fim

Nas últimas postagens vim fazendo uma retrospectiva de todos os eixos pelos quais passei até aqui. Finalmente chegamos ao último. Finalmente, não porque meu trabalho vai acabar, pois vou precisar retomar algumas reflexões para não ir para o tronco, mas porque todo nosso aprendizado, até aqui, tem somente um destino: nossos alunos. E é justamente em nossos estágios que colocamos em prática tudo que aprendemos. É claro que minhas turmas foram se beneficiando ao longo desses semestres com uma melhora na bagagem pedagógica de sua professora, porém é no estagio que vamos registrar essas experiências.

Trabalhei com a construção da identidade de meus alunos como tema gerador de minha proposta de estágio. Creio que hoje ao chegar à fase final do curso, eu mesma me questione qual a minha identidade? Nossa identidade é construída ao longo da vida, como diria Freire, somos seres em construção. E por estarmos em constante formação, e esperamos melhorias, poderia dizer que ao final de meu curso me considero uma professora mais capacitada que no inicio desta jornada. O estágio é um momento em que tudo deve ser planejado, executado o mais próximo possível desse planejamento e os resultados devem ser devidamente registrados. A importância do registro é tentar passar um pouco de nossas experiências, com nossos acertos e erros, de modo a compartilhar esse conhecimento. Não somos juízes e não criamos jurisprudências, mas podemos aprender com nossos colegas. Meu estágio foi uma experiência nova, mesmo para uma professora de carreira, mesmo não sendo meu primeiro estágio. Como nenhum aluno é igual a outro, e nenhuma turma é igual a outra, todo inicio de ano é uma experiência nova. Minha prática de ensino se renova a cada ano. Minhas experiências aumentam a cada ano. O estágio é um momento único, não porque vá me esforçar mais do que em minha prática habitual. Isto já procuro fazer normalmente a cada ano, dar o melhor de mim para que o ano seja melhor que o anterior. O estágio é diferente, porque é o momento em que além de usarmos toda a teoria que aprendemos ainda precisamos dizer qual fundamento teórico utilizamos escrevendo e anotando tudo em detalhes e sendo avaliadas. A prática e a teoria se fundem em uma só atividade.

Quase perdi o fio do tirocínio. Como estava falando, feliz de quem passa a vida construindo sua identidade e não tem a petulância de se achar um ser completo e acabado, com todas as suas verdades prontas. Ajudei meus alunos na construção de suas identidades e eles me ajudaram na construção das minhas. Ter opinião não significa que não se possam mudá-las. Ter conhecimento não significa que não se possam ampliá-lo. Conhecer a verdade não significa que ela seja absoluta ou a única existente.

terça-feira, novembro 16, 2010

Resposta

Quer saber qual o aprendizado que tive com a interdisciplina de LIBRAS?
Nosso governo teve a feliz idéia de acabar com as escolas e turmas de ensino especial, para pessoas portadoras de necessidades especiais. Viva a inclusão! Tudo muito bonitinho como no comentário do post anterior. Pois eu te respondo, meu aprendizado de Libras me capacita tanto quanto a capacitação que me foi oferecida pelo governo. Olho para os lados e cada vez mais percebo que importante mesmo é ser amigo do rei. Se o povo reclama de fome e da falta de pão, porque não comem brioches? Meu aprendizado de LIBRAS me fez perceber que em terra de cego quem tem um olho é rei. Infelizmente não sou amigo de nenhum rei caolho. Meu aprendizado de LIBRAS, mesmo com o curso que já havia feito anteriormente (por minha conta, para me capacitar), me fez perceber que sou surda. Não vou dizer que sou totalmente “muda”, porque tenho capacidade de pedir água e pão através de mímica. O que ajudou na minha prática? Depende do ponto de vista, infelizmente o meu é deficiente e cego. Agora me mostre um aluno desta interdisciplina que aprendeu LIBRAS o suficiente para mudar suas práticas com um deficiente auditivo. Creio que a cadeira nem se destinava a nos tornar aptas nessa linguagem, se alguém achou isso creio que não deve estar falando do mesmo curso que fiz. Como introdução a este interessante recurso, ótimo, agora me perguntar qual foi a aprendizado que fiz e a relação entre a teoria e prática? Ótimo tem tutoras no curso. Ótimo, viva a inclusão. Pena que não sou amiga do rei. Lembro das dificuldades que todas tivemos para traduzir uma pequena conversa que nos foi apresentada em vídeo. Mesmo com tempo , ajuda de dicionários de LIBRAS e outros recursos, o resultado prático foi um terror. Queria ver, tentarmos acompanhar uma conversa animada de surdos num ônibus. Ultimamente ando lendo os blogs de meus colegas e os comentários que são postados, hoje como no dia 16/09/2009 posso dizer que muita coisa não mudou, nem vai mudar. Meu blog sim mudou um pouco, já não me esforço mais como antigamente, sou uma aluna relapsa, dou a minha mão a palmatória. Mas meu pior defeito é não ser amiga do rei, e nem querer ser.

quinta-feira, novembro 04, 2010

SUPERações

Há um ano estávamos trabalhando com LIBRAS, meu blog registrou esse momento falando sobre LIBRAS e sobre os deficientes visuais e auditivos. Ao ter que escrever meu blog, meu TCC e outros trabalhos da faculdade me senti meio deficiente. Pareceu-me que não seria capaz de dar conta do recado. Mesmo com todos os cinco sentidos funcionando perfeitamente senti como que paralisada em minhas plenas faculdades. E por coincidência foi justamente em outubro do ano passado que falei sobre o mágico de OZ. Nele encontro as respostas para meus anseios: a coragem de continuar, o cérebro para escrever e o amor para dedicar-me. Não preciso andar pela estrada de tijolinhos amarelos para encontrar o que está dentro de mim. Não preciso passar pelas mesmas dificuldades que Jonas para poder aprender. Preciso sim, me esforçar e dar tudo de mim para que as outras pessoas ouçam e leiam o que tenho a dizer. Esforço, muito maior, é preciso para aprender a falar em LIBRAS e quando vejo um grupo de surdos falando animadamente percebo que a deficiência esta em quem se deixa vencer. Ninguém disse que o aprendizado é algo fácil. Mas o esforço de continuar, tanto deve ser do educando como do educador. Como professora, faço o possível para que meus alunos superem suas dificuldades e consigam alcançar os objetivos propostos. Como aluna acho que me deixei abater, apesar dos esforços de meus educadores. Mas nunca é tarde para superar nossas deficiências, mesmo que tenhamos de repetir ou morrer tentando. De nada adiantaria incentivar meus alunos a levarem seus estudos a sério, se eu mesma não acredito que isso seja possível. Estamos na reta final, hora de dar o último “sprint” rumo à vitória.